ATA DA CENTÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 09-11-2009.

 

Aos nove dias do mês de novembro do ano de dois mil e nove, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, respondida pelos vereadores Bernardino Vendruscolo, Beto Moesch, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Dr. Raul, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon e Toni Proença. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha, Aldacir José Oliboni, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Engenheiro Comassetto, Ervino Besson, João Carlos Nedel, João Pancinha, Juliana Brizola, Luiz Braz, Marcello Chiodo, Maria Celeste, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Mauro Zacher, Paulinho Ruben Berta, Pedro Ruas, Tarciso Flecha Negra, Valter Nagelstein e Waldir Canal. À MESA, foram encaminhados: pela Mesa Diretora, o Projeto de Resolução nº 046/09 (Processo nº 5287/09); pelo vereador Aldacir José Oliboni, o Projeto de Resolução nº 033/09 (Processo nº 4160/09); pelo vereador Carlos Todeschini, o Projeto de Lei do Legislativo nº 220/09 (Processo nº 4453/09); pelo vereador João Antonio Dib, o Projeto de Lei do Legislativo nº 225/09 (Processo nº 5046/09); pela vereadora Maria Celeste, o Projeto de Lei do Legislativo nº 204/09 (Processo nº 4235/09) e o Projeto de Resolução nº 034/09 (Processo nº 4166/09); pelo vereador Nelcir Tessaro, o Projeto de Lei do Legislativo nº 223/09 (Processo nº 5016/09). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 694454, 694880, 703888, 720194, 720223 e 720245, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Durante a Sessão, deixaram de ser votadas as Atas da Nonagésima Primeira, Nonagésima Segunda, Nonagésima Terceira, Nonagésima Quarta, Nonagésima Quinta, Nonagésima Sexta e Nonagésima Sétima Sessões Ordinárias, da Décima Quarta Sessão Extraordinária, da Primeira Sessão Especial e a Ata Declaratória da Nonagésima Oitava Sessão Ordinária. Na oportunidade, o vereador Reginaldo Pujol formulou questionamentos acerca da divulgação, via internet, das proposições apregoadas no início da presente Sessão. Após, o senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao senhor Leandro Ioschpe Zimerman, Presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas – SOBRAC –, que discorreu sobre o trabalho desenvolvido pela Instituição presidida por Sua Senhoria e sobre as atividades que integram a programação da Semana Nacional de Prevenção das Arritmias e Morte Súbita, do dia oito ao dia quinze de novembro do corrente. Durante o pronunciamento do senhor Leandro Ioschpe Zimerman, foi realizada apresentação de audiovisual referente ao tema abordado por Sua Senhoria. Também, nos termos do artigo 206 do Regimento, os vereadores Carlos Todeschini, Dr. Raul, Pedro Ruas, Mauro Zacher, DJ Cassiá e Reginaldo Pujol manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Ainda, o senhor Presidente registrou as presenças, neste Plenário, do senhor Maurício Pimentel e da senhora Ana Paula Magalhães, respectivamente membro do Conselho Fiscal e sócia da SOBRAC. Às quatorze horas e vinte e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e dois minutos, constatada a existência de quórum. Após, a vereadora Sofia Cavedon e os vereadores Valter Nagelstein e Toni Proença manifestaram-se, agradecendo ao senhor Carlos Alberto Pippi da Mota, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, pela entrega, aos senhores vereadores, de exemplares do livro “Histórias de Porto Alegre contadas pelos seus cidadãos”, publicado por esse Conselho. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciou-se o vereador Carlos Todeschini. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador João Antonio Dib. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciou-se o vereador DJ Cassiá. Em prosseguimento, foi apregoado Requerimento s/nº, de autoria da vereadora Fernanda Melchionna, deferido pelo senhor Presidente, solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, como Presidenta da Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura, no dia de hoje, no debate “O livro e a leitura na visão do legislador brasileiro”, na sala O Arquipélago, do Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo – CCCEV –, às quatorze horas, em Porto Alegre. Também, foi apregoado o Projeto de Lei do Legislativo nº 223/09 (Processo nº 5016/09), de autoria do vereador Nelcir Tessaro. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador Engenheiro Comassetto. A seguir, foi efetuada verificação de quórum para ingresso na Ordem do Dia, constando-se a inexistência do mesmo. Após, em face de Questões de Ordem e manifestações formuladas pelos vereadores Reginaldo Pujol, Nilo Santos, Sofia Cavedon, Ervino Besson e Valter Nagelstein, o senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do quórum necessário para ingresso na Ordem do Dia e do registro de presenças dos senhores vereadores durante a verificação de quórum realizada para ingresso nesse período da presente Sessão. Em COMUNICAÇÕES, pronunciou-se a vereadora Sofia Cavedon. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador Alceu Brasinha. Em prosseguimento, foi apregoado Requerimento de autoria do vereador Airto Ferronato, solicitando Licença para Tratamento de Saúde nos dias de hoje e amanhã. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os vereadores Ervino Besson, em tempo cedido pelo vereador Tarciso Flecha Negra, Reginaldo Pujol, em tempo cedido pelo vereador Toni Proença, e Valter Nagelstein. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pelo Governo, pronunciou-se o vereador Valter Nagelstein. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador Mauro Zacher. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, pronunciou-se a vereadora Sofia Cavedon. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Luiz Braz, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Valter Nagelstein. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, 3ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 034/09, discutido pelos vereadores Sofia Cavedon, Reginaldo Pujol, Carlos Todeschini, Engenheiro Comassetto e Maria Celeste. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 212/09, os Projetos de Resolução nos 040 e 043/09; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 185 e 222/09 e os Projetos de Lei do Executivo nos 035, 036 e 037/09. Às dezessete horas e trinta e quatro minutos, nada mais havendo a tratar, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Adeli Sell, Toni Proença e Nelcir Tessaro e secretariados pelo vereador Nelcir Tessaro. Do que eu, Nelcir Tessaro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Agradeço ao Ver. Nelcir Tessaro a leitura do Expediente.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Sr. Presidente, as proposições apresentadas à Mesa foram publicizadas pelo nosso 1º Secretário. Consulto V. Exª se elas já estão disponibilizadas na Internet, porque há interesse no seu conteúdo, especialmente naquelas que criam cargos, extinguem cargos, concedem gratificações e assim por diante.

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Vou providenciar a informação e, tão logo a tenha, repasso ao senhor.

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Leandro Ioschpe Zimerman, representando a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, a Sobrac, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos, para tratar de assunto relativo às atividades da Instituição e sobre a programação da Semana Nacional de Prevenção das Arritmias e Morte Súbita, a transcorrer do dia 08 ao dia 15 de novembro. Registro as presenças do Dr. Maurício Pimentel, do Conselho Fiscal, e da Dra. Ana Paula Magalhães, sócia da Sobrac.

 

O SR. LEANDRO IOSCHPE ZIMERMAN: Boa-tarde a todos! Boa-tarde aos Srs. Vereadores! Antes de mais nada, gostaria de agradecer aos senhores o espaço que nos deram. A nossa ideia hoje é explicar aos senhores um pouco do que é esse nosso projeto de prevenção de arritmias e morte súbita cardíaca.

 

(Exibe PowerPoint.)

 

O SR. LEANDRO IOSCHPE ZIMERMAN: Aqui nós temos a campanha “Coração na Batida Certa”, título que se deu para essa campanha de prevenção de arritmias. Só para os senhores terem uma ideia do que a gente está falando, a morte súbita cardíaca se dá uma hora após o início dos sintomas, com a perda abrupta dos sentidos, levando a pessoa, então, à parada cardíaca inesperada. Esse é um problema extremamente frequente, por isso a gente está querendo trazê-lo ao conhecimento dos senhores e também para um âmbito mais popular. Se formos falar em magnitude do problema, a morte súbita cardíaca acomete de 250 mil a 300 mil pessoas ao ano, aproximadamente, no Brasil. Esses dados são tirados de estatísticas americanas e se traduzem diante do número da nossa população, em que 12% das causas de morte são por morte súbita. A gente fala, por exemplo, em derrames, em câncer de pulmão, e, só para os senhores terem uma ideia da magnitude do nosso problema, a morte súbita cardíaca representa mais do que a soma das mortes causadas por derrame e câncer de pulmão. Efetivamente, estamos falando de um problema extremamente frequente e prevalente.

Hoje, se analisarmos a população em geral, vamos falar que o risco é aproximadamente de uma morte súbita a cada mil pessoas ao ano. Dentro desse grupo há pessoas de alto risco, que têm uma chance maior, e pessoas de baixo risco, que têm uma chance menor. Mas o fato é que uma a cada mil pessoas ao ano deve ter um episódio de morte súbita, o que, decididamente, é um percentual bastante grande. Felizmente, por conta de uma série de medidas e de cuidados que tem sido tomada, esses percentuais têm caído anualmente.

O que representa risco aumentado? Entre esses dados, nós temos, por exemplo, a questão idade: idade mais avançada significa risco aumentado; a questão sexo: homens têm mais risco do que mulheres, num percentual de 3,8 vezes mais; a hereditariedade é importante: uma história familiar de morte súbita significa mais risco. Há uma série de outras coisas conhecidas, como o tabagismo: uma pessoa que fuma vinte cigarros por dia tem 2,5 vezes mais risco. Também citamos: a pressão arterial elevada, pessoas de raça negra têm mais risco, colesterol elevado e uma série de outras coisas. Então, o que temos a fazer para prevenir? Aqui é que entra a nossa atuação. Temos uma série de coisas para prevenir e uma série de coisas para tratar. Para prevenir, são os cuidados conhecidos de todos os senhores e que nós não cansamos de repetir: tratar a pressão alta, a diabetes, o colesterol elevado, a obesidade, evitar as doenças de coronárias, evitar o estresse, parar de fumar - todas essas coisas que sabemos por demais e que nem sempre conseguimos cuidar no dia a dia -, trata-se efetivamente de criar hábitos saudáveis de vida, com isso se consegue prevenir a arritmia e a morte súbita.

No entanto, quando a arritmia acontece, o que nós temos para fazer? Essa é a parte dois da nossa campanha, que é mostrar às pessoas como reconhecer e como tratar esses episódios graves de parada cardíaca. Há dois passos das manobras básicas, representadas pelas manobras de reconhecimento e pelas manobras de massagem cardíaca - compressões cardíacas ritmadas que dão um tempo até que se tenha um atendimento mais especializado, representado pelas manobras avançadas.

Um dado extremamente importante é este dado descrito aos senhores (Exibe PowerPoint.): a chance de sucesso que se tem de reanimar uma pessoa diminui de 7% a 10% a cada minuto que se perde. Então, no momento em que pudermos treinar as pessoas e tivermos uma pessoa que comece esse atendimento rapidamente, decididamente nós vamos conseguir obter melhores resultados. Só para se ter um número do que isso significa, uma pessoa que recebe uma desfibrilação, um choque, três minutos após a sua parada cardíaca tem uma chance de sobreviver de mais de 50%. Por outro lado, se esperarmos mais nove minutos, e essa pessoa for desfibrilada após 12 minutos, a chance que era maior que 50% cai para menos de 5%. Essa diferença em geral é uma diferença que se consegue obter com as pessoas que estão próximas; é uma diferença que se consegue obter antes da chegada de algum atendimento de urgência.

Como se consegue reverter uma parada cardíaca? Externamente, através de choques de alta energia. A gente coloca um aparelho no peito, dá um choque e reverte. É importante que se diga que hoje esses aparelhos são muito fáceis de usar, devem ser usados por população leiga, não necessitam de conhecimento médico especializado. São aparelhos automáticos: colocam-se as pás no peito da pessoa que acabou de cair, aperta-se um botão, e o aparelho, praticamente, faz todo o resto, e, com isso, se consegue reanimação num percentual bastante grande de casos. As estatísticas norte-americanas mostram uma diferença absurdamente grande com o uso desses aparelhos. Aqui temos os dados dessas diferenças, locais em que havia sobrevida de 3%, 4%, 7% passaram a ter sobrevidas de 26%, 19%, 17%, simplesmente com este tipo de coisa: reanimações mais rápidas e desfibrilações mais rápidas.

A Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas é uma sociedade brasileira e atua em todos os Estados do País. Estamos fazendo a campanha nesta semana, sendo o dia 12 de novembro o Dia Nacional de Prevenção, tentamos chamar a atenção e reforçar a ideia de que coisas simples e que estão ao acesso de todos podem fazer diminuir, em muito, a mortalidade que se tem. A Sociedade tem mais de 25 anos de atuação; realiza um Congresso anual para mais de mil médicos participantes; possui um jornal que é distribuído para dez mil cardiologistas no Brasil todo; possui um Programa de Educação Continuada, que atua desde Belém, no Norte, até Porto Alegre, no Sul, passando por várias Capitais. Todas as Regiões do Brasil são atendidas pelo Programa de Educação Continuada, que, em geral, é assistido por mais de duzentos médicos - e aqui nós falamos de médicos como difusores de ideias. A Sociedade tem livros, tem organização de diretrizes.

A grande questão é esta que estamos agora atingindo, com uma pequena mudança de enfoque - já que o enfoque para médicos tem sido tão efetivo e de sucesso -, dirigindo-nos, exatamente, à população. Além de formarmos médicos, que são difusores de ideias, nós estamos buscando junto à população a divulgação do problema, com o treinamento de pessoas para fazer as manobras básicas e a desfibrilação. Nesse sentido, ontem, no Brique da Redenção - eu gostaria de, publicamente, agradecer ao Ver. Dr. Raul, que nos fez esta solicitação -, estivemos num espaço em que pudemos fazer esse tipo de demonstração. Foi um belo evento. Muita gente parou para ver a demonstração, para pedir explicações; distribuímos panfletos, fizemos treinamentos. Aqui vocês podem ver algumas pessoas (Exibe PowerPoint.) - e tivemos adultos e crianças -, que, ao passar, se interessaram, perguntaram como era e fizeram um treinamento. Esta é a parte de manobras, do treinamento com o desfibrilador automático. Então, efetivamente, houve uma bela resposta. Nós passamos o dia praticamente assim, com muita gente participando, com muita gente perguntando.

A ideia desta manifestação aqui é mostrar aos senhores a magnitude do problema - ele está perto de todos nós e temos como preveni-lo - e afirmar que o aval desta Casa, que representa o povo de Porto Alegre, é extremamente importante para nós, porque só assim teremos maior capacidade de divulgar e difundir os esclarecimentos sobre essa doença. Agradeço este espaço a todos os senhores.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; o nosso abraço ao Dr. Leandro, que apresentou o trabalho de prevenção às doenças cardíacas, aos acidentes cardíacos, que muitas vezes levam a fatalidades. Recebam os nossos cumprimentos em nome da Bancada do PT, aplaudimos e apoiamos essa iniciativa pela conscientização e pela extensão dos trabalhos; certamente muitas vidas podem ser salvas. E lembro aqui uma emenda de autoria do Ver. Aldacir Oliboni do ano passado, em que se previa a disponibilidade de desfibriladores em grandes ambientes, para que o socorro pudesse chegar muito mais rápido, estar muito mais perto de quem eventualmente necessitasse, de qualquer um de nós. Infelizmente, a emenda não foi aprovada, mas aí está cada vez mais a prova da razão, porque qualquer pessoa, qualquer leigo pode aplicar o recurso, o aparelho, fazendo com que a situação de desfribilação cardíaca seja revertida e uma vida, portanto, seja salva. Eu creio que é um tema, Presidente, Ver. Toni, que deve ser retomado, agora com o aval e com o apoio dos senhores. Recebam nossos cumprimentos pelo belo e importante trabalho de salvar vidas. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Dr. Raul está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. DR. RAUL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, Dr. Leandro Ioschpe Zimerman, nosso Presidente da Sobrac, que nos traz aqui a necessidade de salvarmos vidas de uma maneira imediata, é o que ainda está falhando na área médica. Precisamos cada vez reconhecer a necessidade de que a prevenção passa também pela prevenção das arritmias cardíacas e da morte súbita. Eu, no meu caso, que me formei em medicina há trinta anos, iniciei um Mestrado em Cardiologia, sempre me deparei com questões ligadas a essa matéria, e, muitas vezes, vimos insucessos em função da falta de treinamento das pessoas, da falta de equipamentos. Temos que avançar muito em relação a isso ainda.

Estou falando em nome da Bancada do PMDB - do Ver. Bernardino Vendruscolo, do Ver. Haroldo de Souza, do Ver. Valter Nagelstein, do Ver. João Pancinha - e também em nome da Bancada do PP, que faz também suas palavras de reconhecimento à Associação, ao seu trabalho e dando o apoio aqui da Casa para que possamos avançar inclusive na questão do treinamento das pessoas, porque nós precisamos de pessoas treinadas, não basta termos só o desfibrilador; precisamos de pessoas treinadas, não necessariamente médicos mas de pessoas que saibam utilizar o aparelho. Assim também pensam os Vereadores João Carlos Nedel, Beto Moesch, João Antonio Dib e todos os demais Vereadores desta Casa. Então gostaria de deixar o reconhecimento, que, na realidade, é um reconhecimento da Cidade pelo trabalho que está sendo desenvolvido. Estamos às ordens, inclusive, em iniciativas de projetos, para que possamos avançar na questão dos desfibriladores e do treinamento das pessoas na cidade de Porto Alegre. Saúde para todos!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Dr. Leandro Zimerman, Presidente da Sobrac, receba o abraço da Bancada do PSOL, integrada por este Vereador e pela Verª Fernanda Melchionna. O Ver. Dr. Raul conhece o tema como médico, e eu já o conheci como paciente, pois já tive fibrilação atrial, tive algumas situações de extrassístoles intensas ao longo da vida. Então, aprendi um pouco a lidar na condição de leigo e de paciente, mas, acima de tudo, reconheço a importância daqueles que, como o senhor e como a Sobrac, dedicam a sua vida e o seu talento a essa prevenção e ao combate a esses números terríveis de óbitos, que poderiam ser evitados. Os números que o senhor nos apresenta hoje aqui são impressionantes em termos de mudança de um quadro que, de certa forma, está ao nosso alcance, mesmo com toda a precariedade da saúde no nosso País, e nós sabemos bem, pelo menos, parte dos motivos. Então, eu quero cumprimentá-lo, cumprimento a Sobrac e todos aqueles que de forma abnegada se dedicam a essa atividade. Acima de tudo, quero colocar esta Casa e a nossa Bancada à disposição dessa atuação tão importante. Parabéns! Contem conosco.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Mauro Zacher está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. MAURO ZACHER: Em nome da Bancada do PDT, eu queria estender os nossos cumprimentos não só à Associação, pelo trabalho fantástico e importantíssimo que realiza, engajada nessa campanha nacional, mas também ao nosso colega Ver. Dr. Raul, que tem sido uma voz importante na luta por uma melhor saúde da nossa população. Conte sempre com a Bancada do PDT.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; meu boa-tarde ao Dr. Leandro, em nome da Bancada do PTB, composta nesta Casa pelos Vereadores Alceu Brasinha, Marcello Chiodo, Nelcir Tessaro e pelo nosso Líder, Ver. Nilo Santos. Em primeiro lugar, Dr. Leandro, quero saudar o senhor e a Associação por este trabalho que salva muitas vidas. Eu não posso falar como médico, pois não sou médico, mas com todo este corpo de 60 quilos e uns quebrados mais, como paciente - tenho problemas de colesterol alto -, sei que a prevenção é tudo, doutor, na alimentação, no dia a dia. Quero colocar a nossa Bancada e este Vereador à sua inteira disposição e da Associação para uma parceria de prevenção, o que é fundamental. Parabéns, Dr. Leandro! Parabéns à Associação, em nome da Bancada do PTB. Saúde!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, quero agregar aos vários pronunciamentos que já ocorreram, todos eles obviamente destinados a enfatizar a relevância do trabalho que a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas vêm realizando aqui em Porto Alegre sob a liderança do seu Presidente, Dr. Leandro Ioschpe Zimerman. Quero dizer que não estou em nenhuma das bancadas: nem a dos médicos, nem a dos pacientes. Eu deveria silenciar nesta hora, pois há muito já entreguei ao Dr. Raul, meu médico, e ao Dr. Thiago a responsabilidade, nesses temas médicos, de se manifestarem em nome dos Democratas. Como o Ver. Dr. Raul esqueceu, estou fazendo esta breve manifestação para me somar a elas. De outro lado, quero dizer que não aceito a liderança do Dr. Pedro Ruas, que fala em nome dos pacientes, pois sou ex-paciente! Já larguei o cigarro há mais tempo, com algum prejuízo, razão pela qual sou totalmente solidário a Vossa Senhoria. Já que o Dr. Raul foi até distinguido com uma manifestação pelo apoio que oferece à entidade, ele pode falar em meu nome. Conte conosco, conte com o Democratas, conte com o Pujol, conte com todos nós.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Ao encerrar a Tribuna Popular, queremos agradecer muito à Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, à Sobrac, na pessoa do Dr. Leandro Ioschpe Zimerman, Presidente da Entidade, que nos fez uma bela palestra e que nos leva à provocação de tratar da prevenção e, mais do que isso, de divulgar a prevenção. Agradecemos a presença do Dr. Maurício Pimentel, do Conselho Fiscal, e da Drª Ana Paula Magalhães.

Nós temos uma solicitação do Sr. Pippi da Motta, Presidente do Conselho de Cidadãos Eméritos de Porto Alegre, para que possa fazer a entrega aos Vereadores de uma obra literária, lançamento do Conselho de Cidadãos. Portanto, ao interromper os trabalhos, o farei por cinco minutos, em vez de dois, para possibilitar que o Presidente Pippi da Motta possa entregar aos Vereadores sua obra. Agradeço mais uma vez a todos pelas presenças. Obrigado. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h28min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença – às 14h32min): Estão reabertos os trabalhos.

Peço ao Ver. Nelcir Tessaro que assuma a presidência por alguns minutos.

 

(O Ver. Nelcir Tessaro assume a presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, quero fazer um registro - acredito que em nome dos Vereadores - de agradecimento ao Pipi da Motta pelo belíssimo livro construído pelo Conselho de Cidadãos. E, para não passar em branco, quero dizer que somos muito honrados por cidadãos tão ativos e preocupados com a memória e com a história de Porto Alegre também marcada aqui na Câmara.

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr. Presidente, quero me somar à manifestação da Verª Sofia Cavedon, em nome da Liderança do Governo, e agradecer também ao Conselho de Cidadãos e ao seu Presidente por este trabalho, que engrandece a nossa Cidade, partindo do depoimento dos seus mais ilustres cidadãos. Muito obrigado e parabéns ao Conselho.

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Em nome da Câmara Municipal, quero cumprimentar o Conselho de Cidadãos e, em nome do seu Presidente, o Pipi da Motta, agradecer muito, em nome da Cidade, por este belíssimo trabalho, que conta um pouco da nossa história. Parabéns pelo trabalho! Muito obrigado.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Boa-tarde, Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras; pessoas que hoje nos acompanham nas galerias; aqueles que nos assistem pela TVCâmara, pela Rádio Web. Eu preciso retomar aqui, Verª Sofia; Ver. Comassetto, nosso Vice-Líder; Verª Maria Celeste, nossa Líder, o debate da última quinta-feira acerca da Lei Orçamentária. E estou fazendo isso porque esse é um assunto muito sério, muito sério. As pessoas escolhem, as pessoas votam nos governantes porque acreditam neles. Pelo menos, majoritariamente, quando uma vitória é construída, é porque há uma maioria que se formou, e essa maioria se forma em cima de compromissos que são assumidos publicamente de produzir atos, obras, realizações, políticas públicas, para a satisfação das necessidades das pessoas. E nós estamos agora, aqui neste período, discutindo a Lei Orçamentária anual, que é a lei que vai para o detalhe e que assume compromissos com a Cidade.

Na semana passada, Verª Sofia, nós fizemos uma crítica às atitudes que o Governo tem tido, regularmente, ao longo dos últimos cinco anos e que, mais uma vez, se repetem. Vamos recapitular; o que nós dissemos foi o seguinte: o Governo, mais uma vez, repete erros cometidos em anos anteriores e superestima grosseiramente a receita e o investimento - fez isso ao longo dos cinco anos e está repetindo agora, em 2010. Ver. Comassetto, o senhor, inclusive, uma vez fez uma denúncia aqui de que um grande jornal de circulação em nossa Cidade estampou, em manchete, o Plano Plurianual do Governo passado, o último, em que haveria 9,3 bilhões para investimento. Sequer os números, Ver. João Dib, tinham sido somados corretamente, porque nem isso era verdadeiro; bastava somar um mais dois, mais um mais dois, até isso foi errado. No entanto, ficou uma grande manchete: “Prefeitura realiza um investimento gigantesco”! Eram 9,3 bilhões, na época, e nós, refazendo os cálculos, demonstramos que não era nada disso.

Agora, o atual Orçamento é, praticamente, a repetição das mesmas coisas: grandes manchetes e quase nenhuma realização, tanto é que dificilmente nós chegaremos a ter um terço do investimento naquilo que foi proposto, naquilo que foi prometido para a Cidade. E, quando um Governo faz isso, Ver. João Dib, faz de maneira muito grave, porque está enganando a Cidade e a Câmara de Vereadores, cuja promessa do Plano de Investimentos, depois, não corresponde à realidade, Ver. Oliboni, fica distante de acontecer aquilo que foi prometido...

 

(Aparte antirregimental do Ver. Engenheiro Comassetto.)

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Além da linha do horizonte, auxilia-me o Ver. Comassetto. Então isso não é possível.

Agora o Governo promete, para 2010, investir 3 bilhões e 378 milhões de reais - valor atualizado. Porém o Secretário da Fazenda afirma que, em 2009, vai arrecadar o mesmo que em 2008, ou seja, a preços atuais, apenas 3 bilhões e 128 milhões de reais. Vejam bem o que eu estou dizendo: disseram, Ver. Oliboni, aqui para a Câmara, que iriam arrecadar, em 2009 - repetindo -, 3 bilhões e 378 milhões de reais. No entanto, agora, refazendo os cálculos, ele diz que vai arrecadar 3 bilhões e 128 milhões de reais, ou seja, 250 milhões de reais a menos do que foi previsto aqui no Município de Porto Alegre. Quem diz é o Secretário do Prefeito Fogaça - tu sabes quem é, Brasinha. Isso tudo apesar de o IPTU ter subido, de os impostos terem subido, de as multas no trânsito estarem escancaradas e de os repasses do Governo Federal terem sido tão vultosos como nunca aconteceu na história da cidade de Porto Alegre, pois nunca houve tanto repasse, tanto a fundo de perdido como de financiamento.

Esses 250 milhões de reais a menos significam prejuízo para a comunidade, prejuízo para as políticas de Assistência Social, prejuízo para as obras de infraestrutura, prejuízos para a limpeza da Cidade e, sobretudo, prejuízo para a Saúde Pública. O Governo está destinando, este ano, em números redondos, 2% a menos do que foi destinado no ano passado para a Saúde, Ver. Oliboni. É verdade que o Governo investe mais do que é obrigado na Saúde, mas é também verdade que ele não cobra da Governadora a obrigação correspondente que ela tem com a cidade de Porto Alegre, por isso tenta espichar o cobertor para tapar os buracos daquilo que não é repassado pelo Governo do Estado, pois a solidariedade política que tem o Prefeito com a Governadora faz com que uma cortina de fumaça seja lançada e acoberte a vida real, e, com isso, a população terá menos 29 milhões de reais gastos com a Saúde em Porto Alegre.

Não é por acaso que aquilo que foi prometido - a ampliação das equipes de PSFs - não acontece, Ver. DJ Cassiá; não é por acaso que aquilo que foi prometido para as urgências de tratamento da saúde bucal, mais especificamente a prevenção ao câncer de boca, não acontece. É por isso que os programas do Governo Federal, que são poderosos, que nunca foram tão grandes na área da Odontologia, simplesmente têm o pior desempenho aqui em Porto Alegre, o pior desempenho do Brasil. Estamos discutindo essa matéria com o Conselho Regional de Odontologia, Ver. Oliboni, porque nunca houve tanto programa, nunca houve tanto cuidado com a saúde bucal no País - pelo Programa criado pelo Presidente Lula, por exemplo, o Centro de Especialidades em Odontologia -, e nunca foi tão ruim o atendimento à saúde bucal na cidade de Porto Alegre como está sendo neste momento.

 

O Sr. Aldacir José Oliboni: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre colega Ver. Carlos Todeschini, eu queria parabenizá-lo pelo pronunciamento e dizer que realmente a Peça Orçamentária do Governo José Fogaça em Porto Alegre nos preocupa muito, e algumas questões são pontuais na área da Saúde, algo que V. Exª está lembrando. Uma delas, que não tem nenhuma perspectiva concreta, é a de aumentar a disposição e a oferta das consultas de especialistas. Na verdade, os cidadãos estão indo às unidades de saúde e não estão encontrando as especialidades. Portanto ele não propõe nem a criação da Central de Especialidade nem a compra de serviços, ou o concurso público. Isso nos preocupa muito.

Outra questão é com relação aos Programas de Saúde da FamílIa. Agora, no final do mês de dezembro, tem que haver a renovação desses profissionais, mas o Governo não mandou ainda a proposta de renovação e não quer votar o Projeto que mandou para esta Casa; na verdade, ele fez um Termo de Ajuste de Conduta, mas não demonstra claramente que quer ampliar o Programa de Saúde da Família. Portanto a Peça Orçamentária realmente não deixa de ser uma ficção, porque, na prática, não acontece nada.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Obrigado, Ver. Oliboni.

Eu diria mais: o Prefeito Fogaça é o Prefeito das obras fantasmas, porque elas só existem na ideia, não se vê onde estão, ninguém sabe se elas existem.

Venho fazer essa fala porque, na última quinta-feira, o Líder do Governo mais o Ver. Ervino Besson vieram criticar a manifestação que eu fiz de crítica ao Prefeito pelo péssimo desempenho que tem, argumentando, por exemplo: “Ah, mas fomos assolados por uma crise, faltou dinheiro”. E ainda tentaram fazer uma comparação com a questão dos aposentados no âmbito federal. Mas são coisas que não se misturam, são coisas diferentes. Nós estamos tratando aqui das leis de Porto Alegre, nós somos Vereadores de Porto Alegre, em que pese possamos ter opinião sobre vários assuntos, nós temos que responder sobre as coisas aqui de Porto Alegre, coisas que estão muito mal.

Se for verdadeiro isso que o Secretário da Fazenda está dizendo, que vão arrecadar menos 250 milhões, queremos saber: por que a proposta da Lei Orçamentária Anual para 2010 vem ampliada com base nos valores de 2008 e 2009? Estão previstos, Ver. Aldacir José Oliboni, mais de 500 milhões para serem investidos no ano que vem. Vejam só, agora declaram que vão ter 250 milhões a menos este ano e, para o ano que vem, projetam tudo que seria arrecadado - e que não foi - mais um incremento no investimento. Aí, o que acontece como decorrência direta disso? É que menos de 1/3 daquilo que foi programado ser investido será investido. E, quando o Sr. Prefeito encaminha para cá um Projeto de Lei, isso é mais do que uma promessa, é mais do que um compromisso, é uma declaração programática de que tais investimentos serão realizados, conforme lei encaminhada a esta Câmara. Se o Governo constata que a arrecadação caiu, e muito, ele tem que rever o Plano, Ver. Oliboni, ele tem que mandar para cá um Plano alterando as metas, nós vamos entender; o que nós não podemos deixar passar é uma grande mentira para a Cidade, apesar do grande silêncio da maior parte da imprensa.

Aí nós temos um sábado de chuva em que a Cidade toda fica embaixo d’água porque nem sequer as bocas de lobo são limpas. Passei pela Av. Sertório, sábado à tarde, e a Av. Sertório e as ruas perpendiculares, as ruas adjacentes, as ruas que cruzam com a Sertório, como a Av. Brino, a Rua Santa Catarina, a Rua Dona Sebastiana e as demais ruas próximas ao Bourbon, estavam todas inundadas. A maior parte das obras está atrasada ou não aparece; das obrigações e encaminhamentos sobre a Saúde, nada foi feito, nós estamos com uma Saúde cada vez mais debilitada, não há atenção básica, as equipes do PSF, e bastaria contratar os Agentes de Saúde da Família, não estão sendo feitas. O Hospital Conceição tem condições de alocar mais 39 equipes com a maior parte dos custos coberta pelo Ministério da Saúde, bastando que a Prefeitura assine um convênio assumindo o compromisso de alocar os Agentes Comunitários de Saúde, o que tem um custo insignificante. No entanto, isso não é feito, e, como consequência, temos a superlotação, Ver. DJ, do HPS, que atende muito bem, mas que está superlotado e não pode fazer milagre, e a superlotação do Conceição, que também atende a todos e atende muito bem. Mas isso não dá, não dá para continuar como está, nós temos que pedir que o Prefeito reveja os números, porque não queremos ser corroboradores de um engodo para a Cidade, nós não somos Vereadores da “cidade fantasma”. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra em Grande Expediente. (Pausa.) Ver. DJ, um minutinho, o Ver. João Dib pede a palavra para uma Comunicação de Líder.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; peço desculpas ao meu querido amigo DJ Cassiá, que já se dirigia à tribuna para falar em Grande Expediente. É que preciso fazer uma análise do confuso discurso do brilhante Ver. Carlos Atílio Todeschini. Fazia muito tempo que eu não via uma confusão tamanha: confundiu investimento com Orçamento. Disse que leu na imprensa que o Prefeito, no Plano Plurianual, anunciava 9 bilhões de investimentos. Não. Nove bilhões era a proposta orçamentária para os quatro anos. Veio dizer que a Prefeitura vai arrecadar 250 milhões menos do que o previsto. É estranho alguém que vive elogiando o Governo Lula dizer uma coisa dessas. Eu não acho que a Prefeitura vá arrecadar 250 milhões menos do que o previsto. Tenho todas as razões para não achar isso. De qualquer forma, digamos que seja, mas o Governo Federal não está arrecadando menos também? Não há uma crise mundial? Agora, o que eu não me convenço é que falem em saúde, Pronto Socorro e não sei o quê, esquecendo de uma coisa: quem é o culpado? Ele afirma que o Município gasta mais do que a previsão da Lei Orgânica e da Constituição na Saúde. Afirma isso, pelo menos é verdade. Mas, depois que o Presidente Lula assumiu, Porto Alegre passou a receber menos dinheiro para a Saúde, muito menos. E como quem recebe menos pode fazer mais? Não tem como fazer.

Então o Vereador estava confuso hoje. Depois falou da Governadora, dizendo que ela deve para a Saúde do Município. Não. Quem foi condenado na Justiça foi o Olívio Dutra, que não pagou; desde o Governo de Olívio Dutra que não fazem o repasse para o Município, como também o Governador Germano Rigotto. Não foi esta Governadora que criou essa dívida. Eu não estou querendo defender a Governadora. Eu estou defendendo a verdade. Vamos estabelecer que o Presidente Lula não deixou votar a regulamentação da Emenda Constitucional nº 29, que obrigaria a União a dar mais recursos para os Estados e Municípios, para melhorar a saúde do brasileiro. Não vamos deixar de registrar que o Governo impediu todo o ano passado e este ano a mesma coisa, que se votasse a Emenda nº 29. Deveria ser 10%, mas não chega a 4% o que o Governo investe na Saúde. E até o superávit primário do Governo não está nos moldes que estava previsto.

Agora o Vereador acha que Porto Alegre é uma ilha isolada do mundo, que não sofre os problemas da recessão que atingiu o mundo - felizmente, não com tanta violência neste País. Pelo amor de Deus! É tanta confusão, e eu sou obrigado a ouvir, o que é mais importante! Se eu não tivesse que ouvir, tudo bem, poderia fazer... Mas acho que temos que ter um pouco mais de cuidado em agredir o Prefeito. Faça-o com números exatos! Investimento é uma coisa; Orçamento é outra! E, se o Prefeito fez um Orçamento para o próximo ano, ele o fez baseado em junho deste ano. Evidentemente, pretende-se chegar lá; há receitas de capital que vão se realizar e até agora não se realizaram. Nós vamos chegar à previsão orçamentária, tranquilamente. Eu posso, com toda a tranquilidade, também dizer que o Município tem, nos seus cofres, 275 milhões de reais. Não estou defendendo o Prefeito, porque eu acho que ele tinha que ter pago aos servidores municipais; havia, nos seus cofres, no dia 30 de setembro, 275 milhões de reais. O Ver. Todeschini está fora dos números, hoje ele não estava inspirado, mas tem a minha consideração e o meu respeito, sem dúvida nenhuma. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, imprensa, público que acompanha esta Sessão. Ora, Ver. Paulinho Ruben Berta, que já tem, no seu sobrenome, o nome de um guerreiro comunitário... O senhor que neste momento está nos assistindo pela TVCâmara, na verdade, eu gostaria mesmo que a TVCâmara chegasse até à periferia, lá dentro das comunidades, para acompanhar de verdade as nossas atividades. Sonhos são feitos para virarem realidade. Talvez, em seguida, tenhamos a TVCâmara lá dentro da nossa comunidade, Ver. Paulinho Ruben Berta.

Mas o que eu quero falar mesmo, Ver. Pancinha, é da batida do vai e volta, da batida do samba, do funk, do hip-hop, de todos os ritmos, e quem dança é o povo: aquele que acorda às 5h, pega o seu ônibus lotado, volta para casa às 21h ou 22h, Ver. Ervino, sendo que, dos doze meses trabalhados, cinco são para pagar impostos! Para pagar impostos! Deixa ali, cravadinho, para pagar impostos, para ter direito à Saúde, à Educação e à moradia...! Ora, quem não tem moradia, quem não tem uma casa, não tem endereço e infelizmente não pode abrir uma conta num banco, não consegue abrir um crediário em uma loja.

Sei que, de cada dez palavras que falo, oito palavras do meu português são horríveis, mas, se a TVCâmara estiver chegando lá na favela, lá na comunidade, talvez eles estejam entendendo o que estou querendo dizer: o que acontece é que um empurra para o outro, e quem dança é o senhor que trabalha, trabalha e investe neste País. E muitos acabam com o seu filho morrendo nos braços por falta de atendimento de saúde. E não estou falando numa questão isolada, a Saúde é um problema nacional, a Habitação é um problema nacional; sobre a Segurança nem se fala!

O que temos que fazer, Ver. Ervino, em vez de discutir muito, é agir rapidamente, porque estamos perdendo a guerra por falta de políticas de prevenção! Discute-se a questão do crack em vários debates, mas não vejo uma política de prevenção, não vi ainda, salvo melhor juízo! Se há, digam-me!

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Meu querido Ver. DJ Cassiá, eu preciso responder, com a gentileza do seu aparte, mais uma vez, ao pronunciamento do Ver. Todeschini. O Ver. João Antonio Dib disse que o Ver. Todeschini foi infeliz hoje: mais uma vez, ele subiu à tribuna criticando o Prefeito. Eu quero dizer, meu caro Vereador, que Porto Alegre é do Brasil, existem muitos aposentados em Porto Alegre. Ele criticou o que foi falado aqui pelo Ver. Valter Nagelstein, que criticou... E temos que criticar mesmo a atitude do Presidente, no sentido de como está tratando os aposentados. Então quero dizer mais: Porto Alegre é Brasil também.

Quero dizer a V. Exª, Vereador, que, com essa extraordinária obra do atual Prefeito, não se viu mais jet ski ali na Av. Goethe, ali no bairro Moinhos de Vento, pois víamos, em cada chuva, o pessoal andando de jet ski; graças à obra da competência do nosso Prefeito e da sua equipe, isso não foi mais visto. Sou grato a Vossa Excelência.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Obrigado, Ver. Ervino.

Olhem, eu não estou aqui para dar mérito e também, Ver. Pancinha, para apontar os culpados. Muitas vezes os culpados somos nós! Sabe por que, Ver. Pancinha? Porque a única arma que nós temos é o voto! E, às vezes, votamos errado, infelizmente, e depois ficamos nos lamentando e cobrando! Agora, Ver. Ervino, eu quero aqui falar - eu sempre vou levantar esta bandeira, é a minha bandeira - a respeito da questão da Educação de qualidade e da Cultura. Bom, em Cultura eu não vejo ninguém falar; Cultura, parece, não existe, não é preciso! Eu não vejo nem aqui nem em lugar nenhum dizerem que Cultura é fundamental! Cultura é a salvação! Cultura faz parte, mas não vejo...! Agora, aquele governo, Ver. Pancinha, aquele governo bem-intencionado, aquele governo que está bem intencionado com o seu povo investe na Educação de qualidade. E a Educação de qualidade, Ver. Tessaro, inicia já desde pequeno, quando começamos a tratar e a cuidar das nossas crianças.

E aqui quero dar parabéns ao Governo Municipal, ao Prefeito José Fogaça, e à Secretária de Educação do Município, pelo trabalho que vêm fazendo na área da Educação, principalmente na área da Educação Infantil - principalmente na área de Educação Infantil! Se alguém tem dúvida - eu dou um aparte aqui, agora! - de que eles estão fazendo um bom trabalho na área de Educação Infantil, está à disposição o aparte aqui, contestem! Eu repito: governo bem-intencionado investe em Educação de qualidade. Parabéns, Prefeito Fogaça! Parabéns, Secretária de Educação!

 

O Sr. Engenheiro Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Muito obrigado, Ver. DJ Cassiá. Eu estava ouvindo atentamente o seu discurso, e ele tem uma direção, sim, que é a política municipal da Educação. Mas eu quero trazer aqui a leitura que tenho feito de uma região como a nossa, na região sul: Restinga, Hípica, Belém Novo, Lami. Lá, hoje, há um vazio na Educação, principalmente de zero a seis anos, está faltando estrutura educacional. Portanto, eu venho aqui me aliar a V. Exª para que a agenda seja cumprida também nessa região - a periferia da Cidade, principalmente de zero a seis.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Muito obrigado, Ver. Comassetto. A minha colega de Comissão Verª Sofia, que faz um trabalho excelente, deseja um aparte.

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. DJ, gosto muito da sua ênfase na defesa da Cultura. Hoje, ao meio-dia, houve uma manifestação na Esquina Democrática, organizada pela Deputada Maria do Rosário, que está presidindo a Comissão Nacional de Educação e Cultura...

 

O SR. DJ CASSIÁ: E está fazendo um excelente trabalho.

 

A Srª Sofia Cavedon: É verdade, ela e a Deputada Fátima Bezerra, que não é daqui, é do Nordeste. E quero lembrar, Ver. DJ, que há oito Projetos na Câmara Federal, todos mudando a Cultura no País. Há a PEC 150, que nós já votamos - hoje a União destina menos de 1% à Cultura, e vai para 2% -, mais o vale-cultura, que vai possibilitar a cada trabalhador ter 50 reais para gastar em livro, em atividades culturais. E há outros: o Fundo Nacional pela Leitura, o Plano Nacional de Cultura, que nós temos aqui, e ofereço a sugestão - agora que o Conselho Municipal de Cultura elege a sua presidência, finalmente foi instalado - de que, aqui em Porto Alegre, se faça um Plano Municipal de Cultura e assim por diante. Então, é um momento bem especial no País, não é só de denúncias; a gente também tem que anunciar as novidades boas para a Cultura. Obrigada.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Obrigado, Verª Sofia, eu quero dizer à senhora que são Projetos importantes que não existiam dentro da área da Cultura. Agora, nós deveríamos, talvez, Verª Sofia, diferenciar a situação da distribuição desses recursos para os Estados. Por quê? Falamos em Estado, mas o Estado é composto pelas cidades. Vejamos, Verª Sofia, por exemplo, Porto Alegre. Porto Alegre tem demanda, Porto Alegre tem projetos dentro da área da Cultura. Existem cidades que não os têm, então o Governo Federal, o Congresso teriam de diferenciar a distribuição desses recursos; em vez de Estados, Municípios, que têm demanda.

 

O Sr. Aldacir José Oliboni: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. DJ Cassiá, estava lembrando, durante o seu pronunciamento, de uma bandeira muito importante dentro da área da Educação. Vossa Excelência estava junto conosco, fomos a Brasília, inclusive nos reunimos lá com o Coordenador do Programa da Expansão das Escolas Técnicas no Brasil, Professor Eliezer Pacheco, e depois nos reunimos com o Prefeito Fogaça na futura Escola Técnica do Partenon, Mário Partenon, aqui em Porto Alegre. Em idas e vindas, muitas reuniões aconteceram, e o Governo Municipal ficou, então, de nos comunicar a área destinada para essa Escola, e estamos aguardando. Esperamos que até o final do ano o Prefeito concretize e viabilize mais uma Escola Técnica na região da Grande Partenon em Porto Alegre; V. Exª estava conosco nessa caminhada, que é uma grande bandeira em prol da Educação.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Obrigado, Ver. Oliboni, devemos retomar imediatamente essa questão da Escola Técnica do Partenon. Eu tenho certeza de que o Governo Municipal está trabalhando na solução de uma área para essa Escola Técnica, que é fundamental para a nossa Cidade, para o nosso Estado, enfim, para o nosso jovem, para as nossas crianças; é Educação de qualidade, é formação do jovem.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. DJ, é muito pertinente o que V. Exª diz sobre a distribuição dos recursos. E a PEC 150 diz o seguinte: “A União colocará 2% do seu orçamento em Cultura, sendo que, destes, 25% para Municípios” - passando direto para os Municípios - “e 25% para os Estados”, ou seja, vai ser um aporte obrigatório e diretamente para os Municípios, como hoje é o salário educação na Educação, é um dinheiro sagrado, chega direto na conta do Município e tem de ir para a Educação. Acho que esse é um avanço importante.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Obrigado, Verª Sofia.

Voltando à questão da Educação, eu vou ler o que um aluno de uma Escola Especial escreveu sobre “sonhos para realizar”. Eu sei, Verª Sofia, que V. Exª é uma guerreira na área da Educação de crianças especiais. Eu lamento, Vereadora, que exista uma proposta, Ver. Oliboni, de uma política equivocada em relação à Educação Especial. Infelizmente, há uma política equivocada! Ver. Oliboni e Verª Sofia, V. Exas. sabem do que estou falando. Vou ler, rapidamente, o que disse o Cristian, uma das crianças de uma Escola Especial (Lê.): “Quero passear pela manhã, quero arrumar um emprego para comprar meus sonhos: roupas, tênis, dvd, mp4”. Ora, há, sim, Ver. Manfro, como recuperar essas crianças, reintegrando-as à sociedade, não as tirando das escolas que as recuperam. Imagine, Dr. Manfro, uma criança em uma cadeira de rodas sem condições nenhuma, dentro de uma sala de aula com outras crianças normais. Quero aqui fazer um apelo, Verª Sofia, para que a nossa Comissão faça um documento, ou qualquer outra coisa, ao Ministro da Educação para tentar reverter esse quadro. É uma vergonha esse tipo de pensamento.

Para concluir, Sr. Presidente, repito: Governo que não investe na Educação não tem interesse no desenvolvimento de seu povo. “Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde nasci.” Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Apregoo representação externa da Presidente da Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura, a Verª Fernanda Melchionna. (Lê.): “A Vereadora que abaixo subscreve vem, por meio deste, requerer autorização para representação externa da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, como Presidente da Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura, para abrir e mediar um debate na 55ª Feira do Livro de Porto Alegre: ‘O livro e a leitura na visão do legislador brasileiro’. Esta atividade ocorrerá no dia 09 de novembro às 14 horas. Verª Fernanda Melchionna.”

Apregoo o Projeto de Lei do Legislativo nº 223/09, de autoria do Ver. Nelcir Tessaro, que concede Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Jornalista Paulo Raymundo Gasparotto.

O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; colegas Vereadores e Vereadoras, senhoras e senhores, utilizamos este tempo de Liderança, em nome do nosso Partido, o Partido dos Trabalhadores, para fazermos uma reflexão política do momento que nos encontramos aqui nesta Casa, uma reflexão relacionada à política municipal. Estamos analisando dois Projetos importantes, o Plano Diretor e a Lei de Diretriz Orçamentária - sobre esta que quero fazer aqui uma reflexão. Volto, em nome da nossa Bancada, a fazer um desafio ao Líder do Governo, Ver. Valter Nagelstein, e aos demais Vereadores da Bancada do Governo Fogaça. O Orçamento enviado a esta Casa e que nós, aqui, analisamos, discutimos e debatemos tem se tornado uma peça de ficção científica, porque ele não se realiza na vida real. É uma Peça que apresenta um orçamento superestimado, que apresenta mais de trezentos milhões a serem investidos anualmente. Agora, esses investimentos não acontecem. Simplesmente, não acontecem. No início do ano, a campanha de marketing da Prefeitura do Governo Fogaça anunciou que Porto Alegre teria mais de três bilhões de recursos aplicados no Município, mas não vimos nenhuma outra manchete anunciando quanto realmente foi aplicado desses recursos. Portanto, esse debate, Ver. Haroldo de Souza, Líder do PMDB, está em pauta.

O Orçamento apresentado pelo Governo Fogaça é uma peça de ficção. É um Orçamento, repito, Sr. Presidente, superestimado e não realizado. A média de investimentos realizados nos últimos quatro anos da primeira gestão foi 38%. Então 38% do que nós aprovamos aqui foi realizado, e 62%, Ver. DJ Cassiá, não foi realizado, por isso que as metas colocadas no Orçamento para novas escolas, para os postos de saúde, para tapar as buraqueiras que estão as nossas estradas, para fazer projeto de engenharia para desafogar o transito não são realizadas. Quem perde com isso é a sociedade!

Eu pergunto: por que a nossa intelectualidade de Porto Alegre não traz esse tema para o debate? Será que não temos mais uma intelectualidade crítica na Cidade que analise os temas sob o ponto de vista da realidade? Acontece que o Secretário do Governo Fogaça, ao final do ano, anunciou que a Prefeitura estava “no azul”, que havia superávit. Dessa maneira é fácil anunciar que a Prefeitura está “no azul”, porque não aplica nos investimentos aprovados aqui nesta Casa; os recursos não se concretizam; os projetos não são realizados. Ver. DJ Cassiá, a Secretaria de Acessibilidade, que o senhor referenciava há pouco aqui, aplicou, neste ano de 2009, até o momento, zero; a SMT, Secretaria que tem que tratar da mobilidade urbana, aplicou zero nos projetos. Eu concluo dizendo que assim é fácil ter um caixa “no azul”. A Prefeitura fica “no azul”, e o povo “no vermelho”, porque fica à mercê, esperando que as políticas aconteçam, e elas não se realizam. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Solicito a abertura do painel para verificação de quórum para ingressarmos na Ordem do Dia. (Pausa.) (Após a verificação nominal.) Não há quórum. Os Vereadores que não registraram presença ficam com falta na Ordem do Dia.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

A Verª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, data vênia não há, sabidamente, quórum para votação na Ordem do Dia, mas há quórum para discussão de matérias constantes na Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A abertura da Ordem do Dia enseja a presença de 19 Vereadores. Portanto, a Ordem do Dia não foi aberta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Então não houve a Ordem do Dia na Sessão de hoje. O que eu quero deixar claro perante a Cidade é que estamos retardando o enfrentamento do Plano Diretor.

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Vossa Excelência tem razão.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Obviamente há responsabilidades. Aqui na Casa são todos maiores e melhores. Sabidamente essas consequências vão ser devidamente sopesadas pela imprensa e pela opinião pública.

 

O SR. NILO SANTOS (Questão de Ordem): Sr. Presidente, qual a possibilidade de uma nova verificação de quórum? Até para esclarecer àquelas pessoas que acompanham a TVCâmara, porque vai ficar muito engraçado, por exemplo, Vereadores que não registraram presença irem fazer uso da tribuna. Se V. Exª puder fazer esse esclarecimento, Sr. Presidente, faça-o, até porque todos pagarão o preço, pois algumas pessoas estavam aqui e simplesmente não quiseram registrar presença. Fica engraçado demais.

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Ver. Nilo, eu quero informar a todos os Srs. Vereadores e Sras Vereadoras que eu não tenho como fazer uma renovação de votação, a menos que se faça uma nova Sessão.

Há uma Vereadora na tribuna em período de Comunicações, a Verª Sofia Cavedon.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria de utilizar o meu período de Comunicações para continuar tratando do tema da Cultura.

Há consequências na vida. O Ver. Comassetto dizia que o Orçamento da Prefeitura é um Orçamento de peça de ficção e que é ínfimo o percentual de investimento que o Governo Fogaça vem fazendo; cumpre 50% de 50% das demandas. Em relação ao período da Administração Popular, se a gente olhar as áreas, veremos que consequências isso traz. Mas eu quero agregar, Ver. Comassetto, a esse Estado mínimo a incompetência de gestão. Porque não é só um problema de Orçamento; é também um problema de gestão, uma incompetência séria de gestão na cidade de Porto Alegre. Senão, não estaria o Araújo Vianna, palco de manifestações populares, de acesso à cultura do mais alto nível de qualidade do País, um lugar de acesso para o povo pobre, para o povo trabalhador, fechado. O Araújo Vianna foi palco de grandes assembleias, palco de grandes falas de pessoas, de filósofos que impactam o mundo inteiro. Quem não lembra de Saramago falando no Araújo Vianna para a nossa população? Quem não lembra de Marilena Chauí? Eu poderia citar muitas memoráveis palestras, conferências que o Araújo Vianna viabilizou. Está aí, fechado há seis anos pela opção desastrosa do Governo Fogaça de simplesmente dispensar Emenda Parlamentar, dinheiro do Governo Federal, sem consertar ou fazer a manutenção do teto do Araújo Vianna.

Se formos procurar onde está o investimento em Cultura no Orçamento, vamos ver que é pífio, que o Governo Municipal pressupõe no Orçamento menos de 1% e contingencia 20% - palavras da Secretária Adjunta, Ver. DJ Cassiá -, portanto a Cultura tem mal e mal valores para custeio. A descentralização da Cultura está virada em meia dúzia de oficinas. O senhor que é da música, Ver. DJ Cassiá: o Festival de Música de Porto Alegre, que teria que crescer, ser pujante, oferecer espaços para as nossas bandas da periferia se apresentarem, não existe; a Semana do Hip-Hop tem menos de 20 mil reais para, em quatro lugares da Cidade, os grupos de hip-hop se apresentarem.

 

O Sr. DJ Cassiá: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Obrigado. Quero dizer que eu jamais, nunca, vou defender a ditadura; agora, não preciso dizer à senhora, que é conhecedora do tema, que os Governos democráticos que vieram acabaram com a cultura popular, quando havia as oficinas populares nos centros comunitários. Não foi este Governo; foram os anteriores, Vereadora, que acabaram, sucatearam a nossa Cultura. E eu gostaria, Vereadora, que, em vez do Araújo Vianna, tivéssemos vários “araújos viannas” dentro das comunidades, pois é ali que se precisa deles, para as crianças e os adolescentes desenvolverem suas atividades sociais e culturais. Obrigado, Vereadora.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Obrigada, Ver. DJ Cassiá. Temos duas discordâncias. Não foi a democracia quem fez isso; a democracia, aliás, trouxe grandes avanços para o nosso País. Outra divergência: acho que tem que ter o Araújo e tem que ter os “araújos” na periferia. Nós visitamos o Centro Cultural da Lomba do Pinheiro, ele está abandonado, com máquinas da SMOV dentro do Centro Cultural, conquistado pelo Orçamento Participativo! A Lomba do Pinheiro votou em primeiro lugar a Cultura num ano para ter o seu Centro Cultural, que está lá abandonado pelo Governo Fogaça.

E eu poderia falar de outros temas, como o Complexo Cultural Porto Seco e a Universidade do Carnaval. Há recursos para fazer isso, há escola técnica para vir para cá. Todas as escolas técnicas estão vindo para Porto Alegre por luta da comunidade, o Prefeito Fogaça tem que reagir e correr atrás, e fica vergonhoso, porque não o faz. Está lá o Complexo Porto Seco, que foi expulso do Centro da Cidade pelo sectarismo desta Cidade, porque aqui se ocupa um mês o Parque da Harmonia com um tipo de cultura; agora, os carnavalescos não podiam desfilar aqui e terem o seu espaço aqui, foram lá para a periferia e lá estão abandonados.

Portanto, a Cultura em Porto Alegre está abandonada por omissão e incompetência. Ao lado disso, o Governo Federal quer botar mais recursos na Cultura, fazer o Plano Nacional de Cultura, o Fundo Nacional de Cultura para a leitura e uma série de programas para as manifestações populares, como os Pontos de Cultura e o Pontão de Cultura. O Governo Municipal, aliás, recém assinou o Ponto de Cultura, e disseram para mim: “Não definimos ainda aonde vamos investir”. Então, de fato, é difícil ter Cultura pujante se os Municípios não assumem a sua parte, Ver. DJ. Cassiá. Fica aqui o registro.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. ERVINO BESSON: Presidente, eu gostaria, se for possível, que V. Exª me esclarecesse uma dúvida: no momento da verificação de quórum para a entrada na Ordem do Dia, a Verª Sofia estava presente, mas ausente aqui no espelho e foi a primeira que usou a tribuna. Gostaria que V. Exª me esclarecesse para que eu possa entender. Até o momento, infelizmente, não entendi.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, apenas um esclarecimento: ninguém vai cercear a minha ação de Vereadora; colocar ou não presença na Ordem do Dia é uma possibilidade que o Regimento permite a cada Vereador. Quem tem 26 Vereadores é o Governo, que tem interesse em discutir o Plano Diretor; na minha opinião, eles têm que estar aqui presentes. Queremos discutir o Plano Diretor, mas com a Cidade aqui presente.

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Um reparo, Sr. Presidente: não é o Governo que tem interesse em discutir o Plano Diretor; a Câmara de Vereadores e a Cidade é que têm interesse. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ALCEU BRASINHA: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, é lamentável o que acontece aqui com a Verª Sofia Cavedon. A senhora não dá presença, Vereadora - a gente a admira tanto -, e, imediatamente, vem à tribuna para fazer o seu discurso e ainda cobrar coisas que não existem. O meu Partido, que é composto por cinco Vereadores, estava aqui. Logo, ao sair desta tribuna, nós vamos nos levantar e ir embora, em protesto a vocês, que não deram quórum, Vereadora. O povo também tem que saber o que vocês fazem; vocês cobram muito e, quando chega na hora, não dão presença.

Eu venho aqui, Presidente Toni Proença, discordar das palavras que antes o Ver. Carlos Todeschini usou sobre as enchentes, sobre os alagamentos que há na Zona Norte, enfim. Mas ele também é um pouco culpado disso. Vossa Excelência sabe que muito asfalto na rua dá problema de alagamento. E V. Exª foi um dos que mais asfaltaram em Porto Alegre! Não teve um beco em que o Vereador não tenha colocado asfalto! Vossa Excelência faz de conta que não está ouvindo, mas olhe para mim, porque também é um dos culpados! Pode ter certeza absoluta, Vereador. Secretário nenhum faz nada, Ver. Todeschini... Secretário nenhum...! O que é que o Secretário da Saúde está fazendo?! O que é que o Secretário da SMOV está fazendo?! O que é que o Secretário do DMAE está fazendo?! Só quem fazia era o Ver. Todeschini! Ele acha que ainda é Secretário para cobrar tanto assim. O Ver. Todeschini não lembra - não caiu a ficha ainda - que eles perderam, há cinco anos, o Governo. Nós, que somos Vereadores, que andamos pela Cidade, que andamos pela comunidade, vemos muitas obras, sim, de extrema relevância e de qualidade do Prefeito Fogaça, junto com os seus Secretários, que trabalham muito pela Cidade. Sabemos, também, Ver. Todeschini, que vocês fizeram trabalhos muito bons pela Cidade. Nós reconhecemos, mas vocês não gostam de reconhecer nada que foi feito pela mão do Prefeito Fogaça! Então, Ver. Todeschini, volte a esta tribuna e fale das obras do Prefeito Fogaça.

Vocês querem voltar ao Governo, mas não é assim que se volta, Vereador! O povo já disse duas vezes que vocês não deveriam voltar! O povo tem razão, o povo tem tranquilidade. E quero lhe dizer, Vereador: V. Exª está convocado a sair na Cidade e olhar as obras que o Prefeito Fogaça está fazendo, que o Secretário está fazendo! Veja o Secretário da SMAM, que tanto tem trabalhado. O Ver. Professor Garcia também: imediatamente, quando precisamos dele, ele está lá para atender! Está de parabéns pelo trabalho que vem fazendo! E um belo trabalho, também, foi o que meu querido amigo Ver. Beto Moesch deixou, ao qual o Ver. Professor Garcia vem dando continuidade, vem desenvolvendo um grande trabalho! O Professor Maurício, jovem e talentoso, tem feito um trabalho espetacular pela Cidade! Mais ainda: o DEMHAB, quanto à moradia, o Ver. Tessaro também deixou um trabalho espetacular lá, e o nosso querido amigo e colega Ver. Dr. Goulart vem trabalhando extraordinariamente - é competente e sério - para a comunidade de Porto Alegre, para as pessoas que mais precisam. Nós não discursamos para os grandes; discursamos para os pequenos, os que mais precisam de Porto Alegre. São essas as minhas palavras, senhoras e senhores; agradeço a atenção.

Também tenho vergonha, porque a senhora, Verª Sofia Cavedon, que tanto admiro, não deu quórum e simplesmente foi a primeira a vir falar aqui. Então, quero dizer, Vereadora, que a senhora tem que voltar mais vezes e pedir desculpas desta tribuna, porque é o povo que nos bota aqui.

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Apregoo Licença para Tratamento de Saúde do Ver. Airto Ferronato para os dias 09 e 10 de novembro.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Tarciso Flecha Negra.

 

O SR. ERVINO BESSON: Meu caro, Presidente, Ver. Toni Proença; colegas Vereadores e Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias, pela Rádio Web, pela TVCâmara do Canal 16, eu queria saudar a todos. Primeiramente, quero agradecer, de uma forma muito fraterna, muito carinhosa, ao meu querido colega Ver. Tarciso, que cedeu seu tempo para que eu falasse no dia de hoje no período de Comunicações.

Verª Sofia, mais uma vez vou pedir uma Questão de Ordem para o Presidente me esclarecer, se puder. De fato, eu não estava presente na Ordem do Dia, eu estava atendendo uma comunidade, cheguei meio minuto atrasado, isso também não é desculpa, mas V. Exª, Verª Sofia, sim, que estava no plenário, não deu presença e foi a primeira a ocupar esta tribuna - para que a população que nos assiste também saiba o que acontece neste plenário. Minha cara Vereadora...

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. ERVINO BESSON: Eu vou lhe conceder o aparte, só deixe eu completar o meu raciocínio. Vossa Excelência, que tem responsabilidade com a Cidade, como nós todos temos, e o PT destacou centenas de emendas no Plano Diretor, tem a coragem de dizer, Verª Sofia, que a responsabilidade do Plano Diretor é da base do Governo? Desculpe-me, Vereadora, acho que esse foi um momento muito infeliz, com todo meu respeito, mas não vai ser por isso que vou perder a admiração que tenho por Vossa Excelência.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Trago duas questões, Ver. Ervino: uma é que nós destacamos porque enxergamos ausência de Governo. O Ver. Valter veio ao microfone e disse que não é interesse do Governo, e é isso mesmo. O Governo mandou para cá um Projeto de Lei - falo aqui para a população saber - e não houve defesa. Para muitas das questões que o Governo mandou para cá, não houve representante nesta Casa. E, aí, as coisas boas que o Governo mandou para cá foram derrubadas por emendas de interesse especulativo da Cidade.

E eu não dei presença para começarmos a discussão do Plano Diretor porque não está bom o resultado dos debates do Plano Diretor aqui na Casa; está piorando para Cidade. Com essa chuva, a gente viu a Cidade alagada; e mais impermeabilidade, como está sendo decidido no Plano Diretor, vai ser prejudicial à Cidade. Então, a Cidade vai me agradecer por eu retardar a discussão do Plano Diretor, para ela poder vir participar.

 

O SR. ERVINO BESSON: Verª Sofia, a senhora me desculpe, mas, se o Governo atual não tem interesse por esta Porto Alegre, o Governo e todos nós, 36 Vereadores e Vereadoras, temos o maior interesse. E mais: pela responsabilidade que temos com relação à cidade de Porto Alegre. Nós temos uma responsabilidade enorme, pois esse é um dos maiores Projetos que discutimos aqui, não há projeto maior do que o Plano Diretor. Então, a responsabilidade é de nós todos: do Prefeito, do Executivo e dos segmentos da sociedade! Cada um de nós, Vereadores e Vereadoras, tem que ter consciência e responsabilidade.

 

O Sr. Valter Nagelstein: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Ervino Besson, só para fazer um reparo necessário: não se digam meias verdades. A Verª Sofia adulterou, mais uma vez, o tom da minha fala. Quando eu disse que o Governo não tem interesse, eu disse que não é só o Governo que tem interesse; todos nós temos não só interesse como responsabilidade. Então, mais uma vez, Verª Sofia, eu quero lhe dizer que não foi isso que eu falei. Agradeço o aparte, Ver. Besson. E, Verª Sofia, sinto muito que V. Exª seja uma grande sofista. Muito obrigado.

 

O SR. ERVINO BESSON: Ver. Valter, eu vou aproveitar para dizer que hoje tivemos um momento importante para a Câmara Municipal, com a visita que fizemos à FIERGS, com 16 Vereadores presentes, quando o Presidente Paulo Tigre destacou, com muita clareza, a sua pessoa, Vereador, pela sua história, pelo seu passado junto à FIERGS. A FIERGS está fazendo um extraordinário trabalho hoje, apoiando os pequenos e médios segmentos da nossa sociedade e do Rio Grande. Agora, V. Exª tem essa responsabilidade de representar o Governo, e o faz com competência, Vereador, com muita competência, no momento em que coloca que a responsabilidade é de todos nós, Vereadores e Vereadoras.

Acho que não cabe, num momento como este, que é de extrema importância para a Câmara Municipal, levantarmos alguma crítica entre os colegas Vereadores e Vereadoras. Isso não cabe! A Cidade quer nos ver, sim, unidos, cada vez mais, como o Presidente da República está fazendo. Governa este País só ele? Não governa! Acabou hoje, acabou o político! Eu já disse isso algumas vezes desta tribuna e volto a repetir, Ver. Todeschini: nenhum Governo, por mais competente que seja, consegue governar este País sozinho. Então acabou, não existe mais lugar para pessoas que pensam assim. Nós temos que pensar grande, nós todos unidos, com grandeza, com conhecimento, com responsabilidade, porque temos, sim, a discussão do Plano Diretor, que é o destino da nossa querida Porto Alegre, esta Porto Alegre que nos acolheu, esta Porto Alegre que necessita do nosso respeito. E temos essa responsabilidade, sim, todos os Vereadores e Vereadoras, juntamente com as entidades, com as assessorias; é isso que Porto Alegre espera de nós, Vereadores e Vereadoras. Portanto, fica aqui, mais uma vez, este apelo aos colegas Vereadores: vamos nos respeitar, vamos discutir com muita profundidade, porque é isso que Porto Alegre espera dos seus verdadeiros e legítimos representantes. Fomos eleitos para estarmos aqui; e nós temos uma responsabilidade, sim, com o povo e com a Cidade. Obrigado, Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo deste Vereador.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, o episódio em comento, nos seus aspectos objetivos, é mais um incidente da vida parlamentar; não vamos valorizá-lo com tamanha intensidade. Verª Sofia, V. Exª, que me faz sinal positivo para o meu pronunciamento, não fará mais quando eu disser que essa não valorização não implica não protestar contra a justificativa que V. Exª trouxe da tribuna. Eu não posso concordar com que V. Exª venha estabelecer responsabilidades exclusivamente da base do Governo com relação ao destino da Cidade. Quer dizer, eu acho que a oposição não se demitiu dos destinos de Porto Alegre. E especialmente, Vereadora, quando V. Exª se diz indignada pelas decisões da Comissão de que V. Exª participou.

Vossa Excelência comprova uma tese muito pouco democrática em que a gente só acha que tem assento quando decide a nosso favor; quando decide diversamente da nossa ideia, deixa de ser democrática para ser um prejuízo para a Cidade. Eu quero protestar. Eu quero protestar fortemente nesse particular porque eu vi, Ver. Bernardino Vendruscolo, vários pontos de vista meus, na Comissão, serem derrotados; nem por isso estou aqui dizendo que essas decisões são antidemocráticas, que são para prejudicar a Cidade, porque eu parto de uma premissa básica, Ver. Pedro Ruas: nem todos os caminhos são para todos os caminhantes. Também entendo que a forma com que eu olho as coisas necessariamente não tem que ser como todos devem olhar. Cada um deve olhar de acordo com as suas posições. Se, eventualmente, as posições que eu defendo são vitoriosas, Ver. Luiz Braz, eu fico satisfeito. Se elas não são vitoriosas, eu respeito e aplaudo a decisão da maioria, porque isso é ser democrata; fora disso é ser um farsante.

 

O Sr. Valter Nagelstein: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, agradeço muito a gentileza de Vossa Excelência. Só para uma reflexão e um pedido: eu queria pedir à assessoria das Bancadas aqui da Câmara que mantivessem os Vereadores a postos, porque, quem sabe, após o período de Comunicações e após a Pauta Especial, possamos chamar uma reunião extraordinária para tentarmos adimplir com esse compromisso, com o qual, infelizmente, ficamos em débito. Muito obrigado, Ver. Reginaldo Pujol.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para separar os conceitos, Ver. Reginaldo Pujol: em nenhum momento eu falei que a Comissão não foi democrática; ao contrário, acho que foi muito bom o clima, foi muito bom o trabalho. Agora, eu tenho o direito de fazer uma avaliação do resultado, e isso não significa não me submeter à maioria. Porque aqui na Câmara nós não temos centralismo democrático, nós temos representação de diferentes interesses. Eu quero apenas deixar claro isso e inclusive dizer que respeito muito V. Exª, sobretudo pela clareza com que defende os seus interesses e os interesses que representa.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu agradeço o aparte de Vossa Excelência. Concluo, Sr. Presidente, dizendo que nós temos que reconhecer que, no presente momento, alguns paradoxos ocorrem dentro desta Casa. Em determinados momentos, a oposição na Casa é mais governista do que o próprio Governo. Foi dito aqui que eu defendo bem os interesses. Defendo muito bem os interesses da sociedade de Porto Alegre. Não sou Vereador chapa-branca, tampouco um oposicionista empedernido, adoro o diálogo e gosto de construir solução. Não sou daqueles que vivem dos problemas e morrem com as soluções; pelo contrário, quero construir soluções.

Hoje se discute a revisão de um Projeto, Ver. Pedro Ruas, V. Exª que é um talentoso integrante das oposições da Casa, cuja proposta decorre ainda do Governo da Verª Sofia Cavedon. A lei que veio para cá em 1999, que resultou neste Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental, foi concebida pelo Governo do Partido dos Trabalhadores. Eu, na ocasião, contra os radicais, ajudei a aprová-la. Fui tido como conciliador de forma depreciativa. Quero dizer que aquele mesmo ânimo que eu tinha de conciliar para construir as coisas eu permaneço tendo. E acho que os críticos empedernidos da nova proposta que se desenha, alguns dos quais com manifestações públicas acolhidas pela grande imprensa, não têm razão de reclamar da proposta que o Prefeito Fogaça encaminhou para esta Casa, fruto de uma ampla e demorada discussão e que está merecendo retoques que alguns setores da sua Administração têm dificuldade de aceitar, mas nós haveremos de construir, queiram ou não aqueles que não querem viver das boas soluções.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, nós estamos conectados hoje com o mundo, e não há, Sr. Presidente, neste dia 09 de novembro, assunto mais relevante, mais importante a ser saudado e a ser comemorado do que a reunificação da Alemanha. (Lê.) “Berlim, nesta segunda-feira, 09 de novembro, com orações, música e pompa, deu início às celebrações do 20º aniversário da queda do Muro de Berlim, evento que desencadeou a reunificação do país” - dividido após o final da 2ª Guerra Mundial; representa, Sr. Presidente, na visão da maior parte dos historiadores, na verdade, o marco que delimita o final do próprio século XX. Continuo (Lê.) “A chanceler Angela Merkel, primeira líder do país reunificado a ter nascido na Alemanha Oriental, começou o dia ao lado do Presidente Horst Koehler e de outros líderes em cerimônia religiosa em uma antiga igreja de Berlim Oriental, diante da qual ocorreram manifestações de oposição do regime comunista em 1989. ‘Nós nos lembramos das lágrimas de alegria, dos rostos de satisfação, da libertação’, declarou o bispo luterano Wolfgang Huber aos presentes na Igreja Gethsemani. Uma série de shows, concertos e cerimônias está prevista para esta segunda-feira. As 136 pessoas mortas enquanto tentavam atravessar para Berlim Ocidental serão lembradas nos eventos de hoje”.

Então, daqui da tribuna, Sr. Presidente, eu quero dirigir os meus votos de congratulações a todo o povo alemão pela reunificação do seu país e pelo resgate dessa história tão bonita, infelizmente maculada, ao longo do século XX, pelos tristes episódios do totalitarismo e, mais especialmente, do nazismo, essa ideologia absolutamente odiosa que infelizmente prosperou naquele país e que teve entre as suas maiores vítimas o povo judeu, mas também se dirigiu a todos aqueles que eram contra o regime nazista. Incluam-se aí os negros, incluam-se aí também os comunistas, inclua-se aí todo e qualquer dissidente do regime nazista, inclusive aqueles que eram portadores de alguma espécie de deficiência, seja ela física ou mental, que, na ideologia ariana, precisavam e foram eliminados, Sr. Presidente. Isso é um crime sem precedentes na história da humanidade que, infelizmente, maculou a história daquele país e que precisa, sim, ser relembrado sempre. E é por isso que este Vereador também propôs, na Câmara de Vereadores, um Projeto de Lei, Ver. DJ Cassiá, que agora tramita na Comissão de Educação, que institui o ensino obrigatório do holocausto nas escolas de Porto Alegre, exatamente porque esse é um processo sem precedentes na história da humanidade. Nunca houve - queira Deus que jamais aconteça novamente - barbárie igual.

Infelizmente, Sr. Presidente - aí vem a segunda parte da minha fala -, Ver. Paulinho Ruben Berta, o neonazismo continua sendo uma ameaça entre nós. Há poucos dias, aqui em Porto Alegre, na estação da Trensurb, um grupo de skinheads ou neonazistas atacou um trabalhador da Trensurb; aos chutes e pontapés, agredindo-o, eles gritavam: “Negro sujo, negro sujo”. Depois dessas agressões, ainda desferiram, Sr. Presidente, uma facada no pescoço desse trabalhador, com o intuito, obviamente, de matá-lo. Felizmente, não conseguiram obter êxito no seu intento criminoso, mas isso mostra para nós que essa ideologia, esse vírus terrível ainda permanece vivo em alguns lugares. No Brasil, existem em torno de 150 mil deles. Num País como o nosso - graças a Deus, pleno de miscigenações, um país cadinho de todas as culturas e de todas as raças - se estima que existam ainda, entre nós, 150 mil simpatizantes do neonazismo.

Sr. Presidente, requeiro a V. Exª tempo para uma Comunicação de Líder, pelo Governo, tão logo termine o atual.

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Tempo concedido, Vereador.

O Ver. Valter Nagelstein está com palavra para uma Comunicação de Líder, pelo Governo.

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Então, Sr. Presidente, isso tudo é importante para colocarmos o dedo numa moleira e fazermos um alerta ao nosso País: no momento, nós estamos na iminência de receber, no Brasil, nos próximos dias 23 a 26, o que há de pior, eu diria a escória da humanidade no dia de hoje, que é o Sr. Presidente - e falo “senhor” por um dever de educação, pois foi essa a educação que recebi de meus pais - da República Islâmica do Irã. Nada contra o Islã, muito antes pelo contrário; meu respeito a essa religião e a todos que a professam; nada contra nenhuma outra religião, mas as informações que temos do Irã são as seguintes (Lê.): “[...] desde a posse do [Sr.] Ahmadinejad, em 2005, a situação dos direitos humanos no país piorou drasticamente (com elevado número de execuções, muitas delas por apedrejamento ou enforcamento públicos). Um esboço do código penal estipula a pena de morte por apostasia (isto é, para quem deixar o islã). Os cristãos” - que são a maioria no nosso País “e outras minorias religiosas têm sofrido severas restrições e perseguições. As autoridades iranianas também suprimem a liberdade de expressão e opinião, prendendo jornalistas, controlando publicações e a Internet, além das atividades acadêmicas. O Irã é promotor do terrorismo mundial e financiador do Hezb’Allah (o Partido de Alá, no Líbano) e do Hamas (na Faixa de Gaza). Essas duas milícias islâmicas radicais têm atacado Israel a mando do Irã e cometido inúmeras matanças de civis.”

Aliás, foram essas duas milícias que provocaram a guerra que tivemos no início do ano passado, porque Israel se viu obrigado, sim, Sr. Presidente, a se defender e a defender a sua população. É essa pessoa que nós estamos recebendo aqui! Pior do que isso: o Irã e grande parte do alto estamento dos seus ministros foram identificados e responsabilizados pelo atentado terrorista na AMIA, aqui ao nosso lado, a 1.200 km, em Buenos Aires, dois atentados a bomba que mataram mais de cem cidadãos argentinos que tinham como único pecado serem judeus. E foram dois prédios explodidos num concerto criminoso estabelecido a partir da articulação da embaixada do Irã, na Argentina, e sob o patrocínio do Governo radical e extremista do Irã. Ainda, Sr. Presidente, eu quero lembrar que o Irã está numa corrida armamentista, com fins de obter a bomba atômica, e Deus nos livre de que isso possa um dia acontecer, porque a própria paz do mundo estará em risco a partir de então.

Para aqueles que gostam e respeitam as escrituras sagradas e a Bíblia, nunca é demais, Ver. Luiz Braz, lembrar o que dizem alguns profetas bíblicos (Lê.): “É importante lembrar que o Irã (a Pérsia) tem grande destaque na Bíblia (veja os livros dos profetas Daniel, Ageu, Esdras, Neemias e de Ester). A Pérsia foi um dos impérios da visão da grande estátua do rei Nabucodonosor - interpretada pelo profeta Daniel, essa imagem representa todo o desenrolar da história das nações, até o estabelecimento do reino de Deus (Daniel 2, veja o Apocalipse). Os persas também são citados como aliados de Gogue na invasão de Israel ‘nos últimos dias’ (Ezequiel 38.5). Portanto, as profecias bíblicas” - há os que acreditam e há os que não acreditam, mas eu me dirijo especialmente àqueles que acreditam - “revelam o papel do Irã no cenário mundial e nos permitem entender o que realmente há por trás do comportamento atual desse país.”

Eu não quero deixar de reconhecer que o Presidente do Irã tem tido, sim, uma postura messiânica, ele próprio se vale das escrituras bíblicas para se dizer um líder messiânico que vai varrer Israel do mapa. Ao estreitar os seus laços com ele, nós estamos nos distanciando, parece-me, de tudo aquilo que há de mais democrático, de melhor no mundo. Não vamos nos esquecer de que, há poucos dias, no Encontro das Nações, em Genebra, todos - quando eu digo todos, são absolutamente todos - os líderes dos países ocidentais, quando o Sr. Ahmadinejad começou a fazer o seu discurso, se retiraram da sala, vale dizer a Inglaterra, a França, a Espanha, para não falar dos Estados Unidos. E a nossa esquerda marxista, infelizmente, faz este discurso simplório, simplista, de aliar Israel, em um alinhamento incondicional e automático, aos Estados Unidos, acusando Israel de ser a ponta do imperialismo americano no Orienta Médio, o que é um absoluto e crasso equívoco, Ver. Luiz Braz, algo que só pode ser dito por aquelas pessoas que não entendem absolutamente nada de História e de Geopolítica.

Portanto, Sr. Presidente, eu quero lamentar, de forma muito veemente, que, quando nós estamos, Ver. Mauro Zacher, celebrando a reunificação da Alemanha; quando nós estamos olhando, Ver. João Pancinha, o fim do século das ideologias e as mortes que elas infelizmente nos trouxeram - e é bom que tenhamos utopias, é e bom que persigamos constantemente uma justiça social longa e duradoura -, tenhamos ainda, no nosso seio, um discurso de ódio, um discurso de eliminação, um discurso de corrida armamentista, que só vão nos levar, Ver. Luiz Braz, para aquele caminho que todos já conhecemos, Ver. DJ Cassiá, que é o caminho das guerras, que é o caminho do ódio, que é o caminho do extermínio, que é o caminho da intolerância.

Sr. Presidente, eu quero, mais uma vez, lamentar a postura equivocada, especialmente do Sr. Marco Aurélio Garcia, que é o Assessor para Assuntos Internacionais, e dizer que nós estamos nos associando com o que há de pior no mundo hoje, com a escória do mundo, com o Sr. Ahmadinejad, com o Sr. Chávez! Só falta, daqui a algum dia, nós fazermos um grande concerto com o Líder Muamar Kadhafi, com o Líder da Coréia do Norte, com o Sr. Chávez e com o Sr. Ahmadinejad. Realmente, com essas companhias, nós iremos muito longe. Muito obrigado, Sr. Presidente; muito obrigado, Srs. Vereadores.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Mauro Zacher está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MAURO ZACHER: Ver. Toni Proença, na presidência dos trabalhos; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos acompanha nas galerias, pela imprensa, também pela TVCâmara e pela Rádio Web, primeiramente, quero comunicar aos meus colegas Vereadores o meu retorno a esta Casa, pois estive, por praticamente uma semana, participando do I Congresso Mundial de Justiça Juvenil Restaurativa, com a presença de mais de sessenta países e uma importante participação brasileira nesse programa, nesse novo conceito de justiça. Ressalto que já temos aqui no Sul, em Porto Alegre, implementado na Vara da Infância e Juventude, nas nossas Escolas Municipais um conceito mediador, um novo conceito, chamado de Justiça do Século XXI.

Mas o que me traz a esta tribuna - quero aqui provocar as minhas colegas Vereadoras - é o fato ocorrido na Uniban, Universidade de São Bernardo, que expulsou uma aluna que foi ridicularizada e perseguida por seus colegas, fato que acredito merecer uma Moção de Repúdio desta Casa. Quero saudar a atitude imediata do MEC ao pedir explicações e afirmar que fará com que a Universidade explique a tamanha barbaridade feita com essa estudante. Antes de viajar, eu acompanhei, pelo YouTube, a tamanha agressividade dos colegas dessa menina, estudantes da Universidade; e agora, ao retornar, abro o jornal Zero Hora, e está ali noticiada a atitude da Universidade: expulsão da aluna. Essa menina, estudante de Turismo da Uniban, foi vítima de um machismo, de uma intolerância e de um pensamento extremamente conservador daquela Universidade.

Verª Sofia, que acompanha o meu pronunciamento, uma das questões que levanto nas escolas por que tenho passado, apropriando-me dos estudos científicos em relação à violência escolar, é a forma como vem sendo tratada a questão da sexualidade nas escolas. O que mais nos preocupa é justamente o pensamento conservador desta garotada, que provoca as brigas, os apelidos, as perseguições nas escolas, o que agora também vemos refletido na ação surpreendente da Universidade, que sequer chamou os alunos, rediscutiu o assunto. Apenas teve uma atitude arbitrária, expulsando a menina, que, talvez, esteja aí estigmatizada, não podendo entrar numa outra universidade, tamanha agressividade que sofreu.

Então, sugiro às Vereadoras desta Casa que façam uma Moção de Repúdio, já que são combatentes e fazem parte dos movimentos em defesa do direito das mulheres. Quero me somar a esse processo, que sei que terá o apoio de entidades como ONGs, DCEs, Diretórios Acadêmicos, que também estão se mobilizando em defesa dessa menina, que foi muito prejudicada na sua exposição: já foi ridicularizada, perseguida, teve sua imagem exposta na mídia nacional, no YouTube, que mostrou toda agressividade dentro da Universidade. Quero me somar a esse movimento, para que fatos como esses não ocorram mais, principalmente dentro de uma universidade, que representa o berço das discussões, da produção dos melhores conceitos e pesquisas. Além de chamar a atenção para o fato, quero me somar a essa caminhada, porque sei que os prejuízos a essa estudante são irreparáveis. Mas que sirva a posição forte desta Casa, para que fatos como esse não aconteçam na nossa Cidade, nem nas nossas escolas, nem nas nossas universidades ou nas nossas comunidades, para que as mulheres tenham os seus direitos garantidos. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. Toni Proença, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, primeiro, quero me somar à Moção de Repúdio trazida aqui pelo Ver. Mauro. Nós vivemos, bem de longe, algo parecido aqui; acho que a questão de gênero passa, sim, pela repressão do uso de roupas femininas, talvez, diferente do que é considerado o padrão aceitável pela sociedade. Não é o problema da roupa, é o problema da banalização da sexualidade, do corpo da mulher, da mercantilização nesses programas de televisão, com essa lógica de que o corpo da mulher pode vender e comprar tudo. Isso se torna, de fato, uma prática, e toda mulher que ousar se vestir um pouco mais sensualmente já é interpretada desta forma: que está usando o seu corpo para isso, e, dessa forma, tem a reação da sociedade. Então, esse protesto é muito pertinente, Ver. Mauro Zacher, e precisamos estar, sim, atentos a todas as nossas palavras, aos nossos atos e discutir em relação à mídia, porque isso resulta, talvez, ali na universidade, na humilhação; lá no lar, muitas vezes, em violência, com a morte da ex-mulher, da esposa, pela ação autoritária e machista que lamentavelmente esta sociedade ainda não aboliu; imaginem isso em uma universidade! Concordo com o Ver. Mauro Zacher, a universidade é o lugar da liberdade, da efervescência de ideias, da pluralidade, da produção do novo, de uma sociedade bem diversa.

Quero, neste período de Liderança de oposição, voltar a falar sobre o Plano Diretor, porque à provocação de alguns Vereadores, como do Ver. Pujol, tem que ficar muito clara a nossa resposta. Nós participamos da Comissão do Plano, fizemos bons debates e avançamos em algumas emendas, mas temos uma avaliação sobre o resultado e sobre o processo. Quando eu digo que o Governo Fogaça não tem representante aqui dentro, é porque, muitas vezes, a oposição sustentava as posições do Governo Fogaça - pelo menos é o que imagino que seja - que vieram no Projeto de Lei. Sobre as emendas que representam o interesse dos setores especulativos - não dos setores desenvolvimentistas, dos setores empreendedores, que não se importam com a qualidade de vida da Cidade, mas operam pelo lucro exorbitante nesta Cidade, diverso dos nossos empresários sérios, construtores, que têm noção de estética, de meio ambiente, de ética -, assistimos, na Comissão do Plano Diretor, a embates entre textos vindos do Governo e emendas vindas destes setores.

Aqui não temos como fazer uma projeção, mas não reduzir índice construtivo e reduzir área permeável... Somente reduzir três metros na altura em todo o Centro da Cidade, isso dá uma conta final, na minha opinião, de maior ocupação de solo. Maior ocupação e impermeabilização de solo resultam em algo muito grave para a cidade de Porto Alegre. Seria muito importante para nós intervalo entre o final da Comissão e o início das votações, é um momento fundamental! Eu, por exemplo, estou cotizando os três projetos de Área de Interesse Cultural que foram aprovados. Ficou o Anexo III, ficou a Emenda nº 373, e ficou o estudo da Ritter. Eles, os três, são incompatíveis. Ora, como a Câmara vai encaminhar? Este momento é muito importante para nós. Nós temos uma avaliação do resultado de muitas votações: proteção da orla, definição clara de Área de Interesse Cultural, critério para proteção de Área de Interesse Cultural, e nada disso passou. Foi rejeitado. Avanço no sistema participativo de discussão do Regime Urbano, do Uso do Solo na cidade? Não avançou. Propostas sérias e boas que o Fórum das Entidades apresentou, que o Ver. Comassetto apresentou também não passaram. Então, temos um balanço, reconhecemos o trabalho da Comissão e reconhecemos derrotas em áreas importantíssimas, como as Áreas de Interesse Cultural, como a impermeabilização do solo, como a proteção do meio ambiente. Derrotas para uma opinião especulativa que não protege a cidade.

Esse tempo que nós estamos vivendo entre esta votação da Comissão e aqui em plenário é um tempo de balanço, de análise, porque nós destacaremos Emendas para voltar a discuti-las. Por isso não demos presença no momento da Ordem do Dia. E não há prejuízo para a Cidade isso, ao contrário, Ver. Dib, que encaminhou a Comissão Especial até o fim, valorosamente. Ao contrário, é um momento importante para sabermos bem o que estamos votando na sequência. Votaremos em novembro, sim; esse é o nosso compromisso, com muita qualidade, com muito cuidado e com transparência para os cidadãos, que é a quem nós devemos prestar contas da atuação que fazemos aqui em Plenário. Não nos esconderemos através de votos. Acho que o Governo não esteve presente aqui, Ver. Valter, quase não participou dos debates da Comissão; o Governo, portanto, não tem opinião. O que é triste na cidade de Porto Alegre, porque quem deve mediar a posição da vontade dos cidadãos e da especulação é o Governo. Acho triste isso, não tem Governo fazendo essa mediação, é a luta direta na Câmara de Vereadores. Eu exijo que haja Governo! O Governo, que fez a consulta e teve um “não” para a moradia, tem que estar aqui defendendo o resultado dessa consulta ou, então, não é democrático.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, Ver. João Dib, que preside a Comissão que está fazendo a revisão do Plano Diretor, eu estive aqui ouvindo todos os pronunciamentos - agora, finalizando com o pronunciamento da Verª Sofia Cavedon - a respeito do trabalho que todos nós estamos fazendo para termos aqui um bom texto final na lei do Plano Diretor. Essa responsabilidade não é uma responsabilidade só de um lado; o texto que sair, Verª Sofia, não vai ser o texto do Governo, vai ser o texto da sociedade, porque a sociedade é representada por esta Casa. Então, o que nós não podemos permitir é que aquilo que for produzido em relação ao Plano Diretor seja vitória de um lado e derrota de outro. Temos que fazer com que a nossa produção seja uma vitória da Cidade, Ver. Pedro Ruas, caso contrário todos nós vamos ser derrotados, porque o texto do Plano Diretor é que vai orientar o progresso desta Cidade, é ele que vai orientar como é que as pessoas vão viver aqui nesta Cidade; essa é uma responsabilidade de todos nós.

Acho que, a partir de agora, cabe a todos nós fazermos uma boa negociação com relação a todas as emendas que estão aí. Não podemos disputar emendas simplesmente por que “Olha, eu sou do Partido ‘x’” ou “Sou vinculado ao Governo, então tenho obrigação com esta Emenda”; não. Todos nós temos obrigação com a Cidade. Nós fizemos, Verª Sofia Cavedon, uma boa disputa com relação às Áreas de Interesse Cultural, ali conseguimos aprovar três Emendas; é claro, elas não vão poder conviver umas com as outras até lá o final do texto que vamos aprovar aqui na Casa. Vamos ter que fazer uma redação com relação à Emenda que vai ficar depois lá para o final, dando autonomia para que a Comissão paritária, que vai ser formada através daquela sugestão que foi feita por todos aqui nesta Casa, faça um estudo daquilo que é o ideal para essas Áreas de Interesse Cultural.

Todas as sugestões ali são boas, tanto aquela que foi dada através da Emenda mais ligada à Ritter dos Reis como aquela ideia que veio por parte do Ver. Reginaldo Pujol, que faz uma nova delimitação em 34 das áreas, como aquela ideia que vem do Governo e que fala sobre a ambiência, que nós discutimos. Não é um conceito novo, já vem há algum tempo, mas tem que estar presente nesta discussão de agora, para darmos subsídios a que essa Comissão que vai ser formada possa realmente ter todas as condições de oferecer em seis meses para esta Casa um texto que esteja à altura daquilo que nós pensamos das Áreas de Interesse Cultural. Hoje não temos absolutamente nada! Hoje quem disser que o ideal é aquilo que foi dito pela Ritter dos Reis ou que o ideal é aquilo que foi dito pelo Governo... Nós estaríamos cometendo parcialidades. Não estaríamos, na verdade, falando naquilo que é do interesse geral da sociedade.

Acredito que este momento é muito importante para cada um de nós - essa discussão começando hoje, amanhã ou quarta-feira, não interessa. Mas, no momento em que ela iniciar, temos responsabilidade com a Cidade. Não temos responsabilidade com os nossos Partidos e com as nossas ideologias. A nossa responsabilidade primeira é com a Cidade, e, por termos essa responsabilidade com a Cidade, é que a votação de todas essas Emendas, os Destaques que queremos conseguir devem ser só em cima daquelas matérias que acreditamos muito importantes para colocarmos em disputa, porque, senão, vai ser só perda de tempo. A essa altura dos acontecimentos, para cumprirmos o compromisso de votarmos até o final de novembro, não podemos colocar nada do que apenas discutir por discutir, não é? Tudo aquilo que colocarmos para discutir agora nesta revisão do Plano Diretor, que veio a Plenário, tudo aquilo que nós vamos discutir tem que ser matéria que vai fazer diferença no Plano Diretor.

Por exemplo, essa Emenda que foi aprovada e que nós temos que continuar discutindo, Verª Sofia Cavedon, com relação às Áreas de Interesse Cultural é uma Emenda importante que tem que ser bem fabricada, tem que ser bem produzida, que a discussão aqui possa ser muito bem orientada. Não há realmente situação e oposição na discussão de um Plano Diretor. Principalmente neste momento não podemos fazer com que a discussão se reduza exatamente a um debate entre oposição e situação. Eu acho que é muito mais do que isso, acho que todos nós somos representantes de uma sociedade que exige deste Plenário um bom texto. E é isso que temos que dar neste momento final, neste mês de novembro, quando estamos votando a revisão.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, o que nós temos em debate é uma legislação da maior relevância, do maior significado, porque tem potencialmente a capacidade de alterar a forma da qualidade de vida dos porto-alegrenses. E, mais do que isso, de servir de exemplo para outras cidades que nós sabemos que têm Porto Alegre como verdadeiro paradigma, como metrópole historicamente com avanços importantes.

Mas nós vivemos hoje - e aqui é o ponto de vista do PSOL; eu falo em Liderança, em meu nome e em nome da Verª Fernanda Melchionna - sob a égide de um Plano Diretor de 1999, portanto com dez anos, e que é, do nosso ponto de vista, ruim. Já em 1999 criava a construção com verticalidade de possibilidade de 52 metros, que, por sinal, é mantida agora. Mas o Plano Diretor em vigor a ser modificado pode ser para melhor ou para pior. Eu disse antes que o Plano Diretor de 1999 do nosso ponto de vista é ruim. Houve muito benefício ao setor imobiliário e muito pouco progresso para a Cidade. O atual Projeto segue na mesma linha. Já me disseram que é natural, afinal nós temos a nossa existência dentro dos limites do sistema capitalista no Brasil, no atual momento, historicamente, nessas circunstâncias, e que esses interesses acabam se sobrepondo! Mas tem que haver limites. Um desses limites é a proteção à orla do rio Guaíba. Temos que ter consciência da legislação internacional; diante do conceito de rio, deveriam pelo menos os 500 metros da orla do rio Guaíba ser protegidos, o que não acontece. Falo aqui e vejo uma das pessoas que mais conhecem o tema, o Ver. Beto Moesch, que tem essas preocupações.

Digo mais, Verª Sofia Cavedon: acompanhei o pronunciamento de V. Exª, achei absolutamente correto e fico até me perguntando por que a preocupação com a Cidade, que é o que demonstra V. Exª, com as Áreas de Interesse Cultural, com a proteção ao meio ambiente, com o limite aos espigões, é tão malvista e tão atacada. Essa é a nossa preocupação. A preocupação com a Cidade tem que presidir, sim, os nossos atos. Nós temos uma obrigação gigantesca em relação ao novo projeto, ao novo Plano Diretor.

Eu repito: o Plano Diretor anterior já é ruim - para que não fique nenhuma dúvida de que estamos aqui, por algum motivo, achando que o que havia estava bom e que vem aí algo para tirar o bom -, só que o ruim pode ficar pior, essa é a circunstância, é isso que estamos vendo, é assim que estamos enxergando. Por isso, se não houver sensibilidade, não adianta dizer aquilo que também achamos, que o Plano Diretor de 1999 é muito ruim. Nós concordamos, mas a nossa obrigação é discuti-lo, é modificá-lo, é alterá-lo em 2009 para as gerações futuras. Esses dez anos de prejuízo para algumas questões - por exemplo, a ambiental - em Porto Alegre nós não podemos recuperar, mas podemos e devemos projetar os próximos dez anos. Essa é a nossa obrigação neste momento que estamos vivendo! Como dizia, Verª Juliana Brizola, o Dr. Brizola: “Qual é o meu tempo? O meu tempo é hoje”. O nosso tempo é agora, 2009, daqui para frente, e a nossa obrigação é tratarmos deste Projeto.

Concluo, Sr. Presidente, para dizer que, com emendas, com supressão de emendas, com mudanças, de alguma maneira temos que deixar a nossa marca como um avanço em relação a 1999, não como retrocesso.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu sempre gostei de debater com o Ver. Pedro Ruas, que eu já identifiquei aqui na Casa como um quadro muito qualificado, com posições muito claras, na sua grande maioria divergente das minhas, dado que nós temos opiniões divergentes sobre a maioria das coisas que acontecem neste mundo.

Hoje nós poderíamos, Ver. Mauro, já estar discutindo, em discussão preliminar, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre na sua revisão, como estamos fazendo agora aqui, num exercício preliminar da discussão preliminar, que terá que ocorrer antes de definirmos concretamente sobre até quando a revisão do Plano Diretor irá produzir efeito, ainda que saibamos todos que ela está limitada à primeira Macrozona e que muitas das coisas que estão a se cobrar a respeito dessa revisão não tiveram a menor possibilidade de ser atendidas na medida em que estavam fora dos limites em que a revisão se propôs a ser feita. Isso não obsta, de modo nenhum, que tenhamos discussão sobre esses aspectos.

E quero dizer, com toda a clareza, que há situações que não adianta nós querermos discutir, quando se discutem números, se 10 é menos que 20, ou se 20 é mais do que 10; isso são opiniões, e opiniões a gente tem que respeitar ainda que, com toda a lisura do mundo, se busque a valorização da nossa opinião, o predomínio do nosso ponto de vista. Repito aqui, com a maior segurança possível e dentro de uma tranquilidade absoluta, que, há vinte anos, quando se votou este Plano, já se erguiam críticas contra ele. Na ocasião, Ver. Luiz Braz, V. Exª era o meu parceiro, procuramos fazer o melhor possível para a Cidade. E o melhor possível não é, necessariamente, tudo aquilo que nós pensamos, porque até seria uma pretensão absolutamente desarrazoada se entendêssemos que só nós teríamos o direito de ter visões, opiniões e posições a respeito de um assunto desse tamanho, dessa magnitude.

Quero dizer claramente o seguinte: só não vou admitir que, para sustentar posição, nós estejamos a querer desqualificar a opinião dos outros, partindo de alguns pressupostos que não são verdadeiros. A discussão do bom ou melhor é visão de cada um. O direito de gostar ou de não gostar de uma decisão cada um tem, mas isso não elimina a qualidade da decisão, Ver. Pedro Ruas. Vossa Excelência, por exemplo, diz - e respeito a sua posição - que o Plano Diretor de 1999 é ruim. Acho que não é tão ruim assim! Acho que houve avanços consideráveis que devemos reconhecer. Eu poderia até ficar muito mais à vontade e dizer que o melhor era o Plano Diretor de 1979, que era do Governo do qual eu participei, assim como o Ver. João Antonio Dib, e que foi um excelente Plano Diretor, o melhor que a época poderia comportar! Todas essas coisas têm de ser ajustadas à sua época e ao seu momento.

Agora mesmo, nesta revisão... Vamos falar claro: o Ver. Reginaldo Pujol é democrata? Eu não sei dizer bem se democrata, sou PFL, sou o velho liberal de guerra e, como tal, não tenho participação direta neste Governo, não ajudei a construir esta proposta de revisão, mas tenho procurado entendê-lo na sua totalidade, reconhecendo, em muitos pontos, a necessidade de correções, que nem sei se vão merecer o aplauso da dita base do Governo, mas que fazem parte da minha forma de encarar as coisas e procurar enfrentá-las. Ver. Pedro Ruas, estou fazendo muita referência a V. Exª pois foi o último que ouvi em pronunciamento, até porque V. Exª não merece. Eu quero dizer que posso me equivocar, muitas vezes, nas minhas posições, por que não? Todos podem se equivocar. Essa certeza absoluta de que só alguém tem, sobre determinado assunto, toda a verdade possível é a maior mentira que pode existir; as coisas precisam ser melhor informadas. Hoje como ontem eu tenho, honestamente, enfrentado essa situação. Pode ser que, em algumas coisas, eu cometa até equívocos, exageros, omissões e ações até imprudentes, mas é a forma honesta que tenho de enfrentar uma situação como essa. Não acho que o Plano de 1999 seja o melhor do mundo, mas também não é nenhuma porcaria que não possa ser melhorada nos dias atuais.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

                                  

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; agradeço desde já o Ver. Haroldo de Souza, nosso Líder da Bancada, por ter me concedido o tempo de Liderança partidária e cumprimento V. Exas mais uma vez. Quero dizer, Ver. Beto, que V. Exª tem sido testemunha de uma tentativa daquilo que me parece ser a função do Líder do Governo: a de estabelecer uma mediação entre as diversas vertentes que compõem, obviamente, uma base de sustentação, que é plúrima e que, a partir daí, é composta por 26 Vereadores, obviamente cada qual com uma visão de mundo - e é preciso ser respeitada a visão de mundo de cada um. E o Parlamento, Ver. Luiz Braz, V. Exª é professor de nós todos, juntamente com o Ver. João Dib, nada mais é do que exatamente a expressão plural das diversas vertentes da sociedade, das diversas correntes de pensamento e que aqui se expressam de forma majoritária ou de forma minoritária. Nós temos, dentro das Bancadas, dos 36 Vereadores, 26 Vereadores que compõem, eu diria, o consenso, aquele traduzido nas urnas e na vitória do Prefeito Fogaça no ano passado, e temos dez Vereadores, se podemos dizer assim, que representam o dissenso, ou seja, aqueles que não se perfilam e que não se aliam àquela corrente ideológica de pensamento, àquela visão de mundo que se sagrou vitoriosa nas eleições do ano passado.

Portanto, o Líder às vezes erra, às vezes acerta, e é da natureza humana que isso assim aconteça, Ver. Mauro Zacher, V. Exª também é Líder de uma Bancada de vários Vereadores. Todos os Líderes partidários sabem do que eu estou falando: é da nossa natureza sermos falíveis. Quem será que tem a pretensão de ser perfeito? Nenhum tem, mas nós temos que buscar, na verdade, nesse processo, Ver. Haroldo, um meio-termo, buscar a virtude, como diriam os antigos, que está exatamente no meio. Não devemos ir nem para o lado extremo do desenvolvimento desmedido, que quer, a qualquer custo, a acumulação - como disse a Verª Sofia Cavedon no seu discurso, que é um manifesto político, nós entendemos como tal -, nem, por outro lado, queremos consagrar que não se mexa na Cidade. Que nós tenhamos, por exemplo, a bandeira do patrimônio cultural e arquitetônico e, a partir daí, os excessos que aconteceram. E sei que as intenções foram as melhores possíveis lá no estudo da Ritter dos Reis. Por outro lado, que nós tenhamos uma Cidade de tal forma - é importante respeitar o meio ambiente - vinculada a essas questões, que também seja impossível ou quase impossível nós fazermos construções ou novas edificações, dado o volume de exigências e demandas que temos para isso. Não queremos nenhum dos extremos - nenhum!

E essa é a visão, Srs. Vereadores, que está expressa no documento e no Projeto que foi encaminhado a este Legislativo. Cumpre-nos agora o nosso papel, tendo respeitado exatamente a instância prévia - que foram as Comissões Temáticas, o Fórum de Entidades e todas as discussões -, tendo esperado que, daquele processo todo, restasse o substrato que são as Emendas que hoje estão aí. Então, cabe, Ver. Luiz Braz, o papel da Liderança do Governo a partir de agora. Com muita tranquilidade, quero dizer que não me atinge a crítica da Verª Sofia Cavedon de que não participei das discussões. Em primeiro lugar, porque eu tenho respeito por todos os Vereadores. E acho que cada um de nós aqui tem sido absolutamente envolvido com todas as suas tarefas. Cabe-me aqui a Liderança do Governo e conversar com todos os Vereadores da base; cabe-me, junto com V. Exas., construir as votações, a Ordem do Dia, as Pautas da Câmara; toca-me, junto com meus Pares da CCJ, a Presidência dessa Comissão, que me dignifica muito, e tantas outras coisas, Ver. Mauro Zacher - o senhor é testemunha disso.

Então, se há um Vereador - não estou querendo estabelecer comparação com nenhum outro - que se dedica ao seu mandato, que está buscando corresponder àquilo que se comprometeu, Ver. João Dib, com a população no ano passado, quando caminhou aí pelas ruas, olhando no olho de cada um e pedindo voto - não sei dos outros e também não faço crítica nenhuma, não me cabe isso, mas também não admito que façam esse tipo de crítica com relação ao meu trabalho -, se há algum que tem se dedicado a esse mandato, à sua missão e ao seu trabalho, é este Vereador que está aqui na tribuna. Quero dizer que a minha não intervenção ou o meu papel de assistente privilegiado nesse processo de discussão das Emendas e dos Relatórios foi exatamente para que as coisas seguissem o seu curso natural, Sr. Presidente, e para que, a partir de agora, sim, nós pudéssemos fazer essa mediação.

Não vamos reduzir o debate do Plano Diretor, como bem disse o Ver. Luiz Braz, a um debate maniqueísta, novamente, de Governo e de oposição, não é isso. Por favor, não façamos isso, isso é um desserviço a Porto Alegre! O debate do Plano Diretor interessa a todos nós, interessa ao desenvolvimento sustentável da nossa Cidade, e nós precisamos, sim, enfrentar isso. É óbvio que há essas estratégias de retardar a discussão, de se valer de expedientes regimentais, Sr. Presidente, mas espero que, na Sessão de quarta-feira, possamos correr pauta, fazer a discussão; espero que, na Sessão de quinta, a gente tenha uma Sessão Extraordinária para isso. Queira Deus que os bons fluidos nos iluminem e que nós possamos, Ver. Pedro Ruas, começar a votar a partir de segunda-feira. Bom ou ruim, como disse o Ver. Reginaldo Pujol, é uma visão muito subjetiva, depende da mediação de forças que se estabelece dentro do Parlamento, que é fruto do voto, em última análise, soberano, voto daquelas pessoas, da sociedade que aqui nos conduziu e fez o tamanho das nossas Bancadas.

O que cabe a mim, como representante do Prefeito José Fogaça, é isso que quero dizer... O Prefeito me disse de forma expressa, meu querido Valdir Fraga - envolve o teu testemunho e o da Rejane, que é nossa assistente da Liderança do Governo também -, que nos caberia manter o espírito do Plano. E, para isso, estiveram aqui hoje o Secretário Clóvis Magalhães, o Secretário Márcio Bins Ely e o Vice-Prefeito José Fortunati. Nós queremos evitar excessos de adensamento dentro dos bairros, nós queremos trabalhar a questão da mobilidade urbana, nós queremos desenvolver Porto Alegre de forma sustentável e não queremos, muito antes pelo contrário, o mal da nossa Cidade. É uma maldade - isto, sim, para fazer um trocadilho - querer incutir na cabeça das pessoas que essa seria a nossa visão, que esse seria o nosso propósito. Muito antes pelo contrário! Foi por isto que, sabiamente - e o povo é sábio, não tenham dúvida disso -, o povo de Porto Alegre resolveu eleger o Prefeito José Fogaça e resolveu consagrar a Administração do Prefeito José Fogaça dando a ele um novo mandato: porque ele sabe, fugindo de maniqueísmos, construir a virtude, virtude que, como eu disse, está nas posições comedidas, está no meio, está no desenvolvimento sustentável. Essa é a nossa posição, Sr. Presidente, e eu agradeço a possibilidade de poder expressá-la de forma clara; espero que tenha sido, nesta tribuna, para que o povo de Porto Alegre saiba o que nós pensamos e aonde nós queremos chegar. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Passamos à

 

PAUTA ESPECIAL - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/10 minutos/com aparte)

 

3ª SESSÃO

 

PROC. Nº 5005/09 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 034/09, que estima a receita e fixa a despesa do Município de Porto Alegre para o exercício econômico-financeiro de 2010. Com Emendas nos 01 a 13.

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, vejam que importante foi, se me permitem um parêntese, a pequena crise que tivemos aqui no Plenário por não haver quórum, vejam os debates que fizemos. É alvissareira a notícia de que o Governo tentará manter o espírito do Plano que veio para cá, ele terá de nós o compromisso de votar Emendas que mantenham assim e de derrotar Emendas que mudaram a proposta do Governo.

Quero fazer aqui uma reflexão, Ver. Luiz Braz, é um pouco do que o Ver. Pedro Ruas disse também: quando eu falava, eu não falava que aqui havia posição de Governo e oposição, ao contrário, disse que não via a posição de Governo se estabelecer nesta Casa, que o jogo estava apenas entre interesses conflitantes que existem na sociedade. Muito bem, se o Governo volta com suas posições, nós vamos tentar recompor a altura prometida, e quero aqui fazer o reconhecimento - concordo com o Ver. Pedro Ruas - de que o último Plano não foi bom, e o Governo era do meu Partido. Eu não participava, eu era da Educação, não tinha noção, mas um Plano que concedeu, a varrer, índice construtivo no Centro da Cidade, sem haver uma contrapartida, um retorno para investimentos sociais, é responsabilidade desta Casa também, e a sociedade participou na época, e foi um aumento significativo. Havia tido um na época do Governo Collares, e houve mais um, Ver. Braz. Hoje, a gente olhando todo o Centro da Cidade, veremos que uma altura de 52 metros é um escândalo.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Sofia, V. Exª me desculpe, a redação dada foi boa, porque a redação tinha compromisso, realmente, com a habitação. Só que acontece o seguinte: o cumprimento da legislação é que não foi bem feito.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Concordo, Ver. Luiz Braz, V. Exª recupera muito bem. No início do Plano, os primeiros capítulos, eles incorporaram, inclusive, conceitos avançados do uso do solo urbano em Porto Alegre, de proteção de Área de Interesse Cultural. E aqui eu quero frisar - desculpe-me, o tema é Orçamento, vou voltar, nós vamos ter tempo - que o Governo, na verdade, nas Áreas de Interesse Cultural, trouxe pioras para o Plano, porque a redação do atual Plano é mais nítida sobre as Áreas de Interesse Cultural, o conceito no caput do atual Plano é um conceito límpido: diz que são Áreas de Interesse Cultural por haver ali a presença simbólica, de construção ou de forma ambiental, da nossa identidade, que tem que ser preservada. Ponto. O Governo mandou para cá uma mudança dizendo: “Olha, tem que flexibilizar dentro da sustentabilidade urbana”. O que é isso? Não é Área de Interesse Cultural. Fecho, dizendo que tenho o mesmo compromisso do Ver. Braz: não é uma luta de oposição; nós vamos destacar Emendas que entendemos que pioram as condições de Porto Alegre, inclusive de situações em que o Plano não está bem em Porto Alegre hoje, e aí concordo com V. Exª, Ver. Pedro Ruas. E há grande chance, é o momento de a gente melhorar, mesmo sendo contrários a interesses da construção civil especialmente. Volto ao tema, pedindo perdão pelo parêntese, porque acho que evoluímos nesta discussão hoje à tarde e vamos evoluir nas próximas a fim de entrarmos na discussão do Plano Diretor.

Sobre o Orçamento, quero começar fazendo uma provocação - já a havia feito ao Ver. Dib. Eu estava no Brique esse fim de semana e de novo fui inquirida sobre as placas com os nomes das ruas - o que parece uma bobagem. Dizia-me um proprietário de indústria que fornece insumos que o seu motorista fica ligando para a empresa e dá voltas, inutilmente, na Cidade porque não acha a rua, porque as ruas não têm placas, não têm identificação. Então, nós temos aí um prejuízo para a empresa, nós temos um prejuízo para o trânsito: imaginem caminhão dando voltas procurando um endereço dentro da cidade de Porto Alegre. Esse é um exemplo. No domingo, levei uns 15 minutos, 20 minutos, Ver. Dib, dando explicação de como os Vereadores tentam fazer para que o Governo coloque as placas nas ruas. Eu acho que nós deveríamos, como Câmara, fazer uma emenda no Orçamento, indicar ao Governo que ele tem que fazer um planejamento para a colocação das placas nas ruas. Estou procurando uma formatação, mas quero que seja uma emenda de todos nós, porque essa é uma preocupação que não é minha, nem é a minha preocupação central. Acho que ainda não “caiu a ficha” dos diferentes Governos de que essa orientação na Cidade é muito importante, inclusive para o trânsito fluir, Ver. Pujol, porque as pessoas não se acham, elas param nas esquinas, perguntam, precisam de orientação de placas nas ruas. Esse é apenas um detalhe da minha manifestação, pois acho que pode haver uma forma de concertação entre os diferentes Partidos. Entendo que aqui nós não podemos fugir do embate da diferença partidária, das divisões partidárias. Temos diferenças, devemos exercitá-las aqui e devemos compartilhar com a sociedade as disputas que acontecem aqui dentro. Nesse tema, no caso, temos uma grande convergência e devemos trabalhar para realizarmos juntos uma ação importante para a Cidade.

Agora, vejamos o tema da Educação. A respeito da questão do Orçamento, eu quero insistir sobre um aspecto. Eu tive um depoimento, neste final de semana, numa atividade em uma comunidade, de um presidente de uma creche comunitária dizendo que, no dia 12, agora, ele vai receber pela SMED um certificado de regularização da creche. E tenho a informação da Secretária de Educação no sentido de que 38 creches, Ver. Paulinho, das 185 creches, entraram no Conselho Municipal de Educação para a sua regularização. Qual é a consequência disso? E quero chamar atenção dos Vereadores, porque há três anos estamos trabalhando esse tema aqui. A Comissão de Educação fez uma Comissão Especial para tratar da regularização das creches comunitárias. Por quê? Porque, com o advento do Fundeb, estava anunciado que Porto Alegre perderia recursos, Ver. Reginaldo Pujol. Neste ano, Porto Alegre está deixando 40 milhões no Fundo. E o que significa deixar no Fundo? O Fundo capta 25% de todos os impostos que Porto Alegre receberia - do ICMS, que cabe a Porto Alegre; do IPTU que Porto Alegre arrecada -, porque é Fundeb, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica; está vigendo há três anos, progressivamente, incorporou as matrículas de Educação Infantil e Ensino Médio. E a Secretária diz: “Estamos perdendo 40 milhões este ano e estamos perdendo porque não incluímos a matrícula das crianças em creches comunitárias”. E nós alertamos isso há três anos, através do Conselho da Criança e do Adolescente, na Comissão de Educação, na CECE.

Nós fizemos uma proposta, com representantes das creches, de simplificação do processo de credenciamento dessas creches. O que me dizia essa liderança comunitária, que nem é do PT, na reunião, sábado pela manhã, lá no Timbaúva - não é ligado ao PT. Diz ele: “Eu fui à SMS e me disseram que, para ser credenciado, eu tenho que ter uma técnica em Nutrição. Mas o convênio da SMED nem pressupõe que eu possa pagar uma técnica em Nutrição, muito menos eu poderia, porque o convênio não cobre 100% do custo da creche.” Nós sabemos que não cobre, aliás, para valer para o Fundeb, no futuro, as creches terão que ser todas gratuitas! Hoje o conjunto do custo convênio-creche, senhores, deve estar em torno de 30 milhões de reais/ano. São 185 creches comunitárias; são 12 mil, 15 mil crianças - a gente não sabe, porque não temos os dados de 2008 -, é um número muito significativo de crianças. Nós poderíamos estar recuperando grande parte desses 40 milhões, se essas crianças estivessem de uma forma desburocratizada, porque tudo depende do Governo. O seu credenciamento não depende de órgãos exteriores, depende da SMS, da SMOV, da SMAM e do DEMHAB.

Então, que uma comissão simplificasse esse credenciamento; que um arquiteto desenhasse uma planta baixa de cada creche; a SMS que fizesse o credenciamento provisório; não dá para exigir técnico em Nutrição em creche comunitária! Isso é fora da realidade! O Município de Porto Alegre mesmo complica o credenciamento das creches, por isso as crianças não contam no censo, por isso Porto Alegre está deixando de ganhar 40 milhões. Uma parte disso, 20 milhões de reais, tornaria as creches comunitárias totalmente gratuitas! Vocês sabem o que significa isso na periferia de Porto Alegre? Hoje as famílias têm que contribuir com 60, 70, 80 reais, o que é impossível para uma família de papeleiros, uma família vulnerável. Então, é um problema sério de gestão. São recursos que a Cidade está perdendo do seu Orçamento, de impostos públicos, porque não agiliza, não prioriza, não desburocratiza o credenciamento das creches comunitárias no Conselho Municipal de Educação, portanto as crianças não estão no censo para contar no recurso que fica para Porto Alegre dos seus próprios impostos.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta Especial, por transposição de tempo com o Ver. Carlos Todeschini.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, acredito que esta seja a terceira oportunidade em que falo na Pauta Especial acerca da nossa Lei Orçamentária. Quero até agradecer ao Ver. Todeschini por permitir esta transposição de tempo; tenho um compromisso a responder em breve, o qual não me afasta da Casa, mas me afasta do Plenário.

Deveríamos ter cumprido esta 3ª Sessão de Pauta no dia 29 de outubro, mas uma série de problemas - que todos conhecemos - impediu que isso ocorresse, fazendo com que hoje, dia 09, e no próximo dia 11 cumpramos as quatro Sessões Ordinárias consecutivas previstas no art. 120, Inciso II, do nosso Regimento.

Eu disse, Ver. Todeschini, que a nossa inversão de tempo não ocasionaria nenhum transtorno para o seu pronunciamento, até porque V. Exª sabe qual é a minha tese principal. Eu fui distinguido inclusive por V. Exª, que me deu uma cópia da sua manifestação a respeito do Orçamento do Município, da sua crítica aguda, severa. E eu discuti com V. Exª, assim muito tranquilamente, dizendo que temos duas realidades, duas formas de enfrentar o Orçamento no que diz respeito à receita - já que a despesa a gente fixa e a receita a gente estima: ou se estima a receita a mais ou a menos. Anteriormente eu acusava o Governo ao qual V. Exª pertencia de estimar para baixo, era uma técnica, uma tática para gerar suplementação posterior, podia até ensejar alguma realocação de recursos. Parece-me que essa técnica foi abandonada, mas V. Exª, atento e com uma boa assessoria, indica que, ao abandonar essa técnica e na busca de um realismo, se cometeu um outro tipo de exagero, fazendo um excesso e criando - o que concordo com V. Exª - a coisa mais desagradável que pode ocorrer nessa matéria e que tem justificado as minhas mais candentes críticas: acabamos de incutir na opinião pública a realização de um determinado Orçamento que depois não se realiza. Isso gera uma expectativa, que, não correspondida, meu caro Ver. DJ Cassiá, gera frustração. Ora, diz-se que vai ser investido tanto recurso em uma obra “x”, depois não se investe. Aí, passa o ano, o Orçamento não se realizou, e a frustração ficou.

Eu tenho usado a tribuna para firmar e reafirmar a minha posição no sentido de que nós temos que ter um Orçamento impositivo; especialmente as obras que são anunciadas, os serviços que são anunciados devem ser necessariamente realizados, sob pena de o processo e do próprio Orçamento não só o de Porto Alegre como de qualquer parte do Brasil... Eu disse lisamente ao Ver. Todeschini - discuti com ele fora da tribuna - que o Governo Federal até, com mais razão, cai nessa esparrela. Lá o Congresso cria uma série de emendas, ficam anunciadas obras e mais obras, depois vem o contingenciamento, e não sai nada, ou sai muito pouco. Aí vem a frustração em relação à BR-101: já não sei há quanto tempo se anuncia tanto recurso e não sai, está saindo devagar, quase parando, está lento.

Não é objetivo da minha intervenção, nem eu seria desonesto com o Ver. Todeschini de pedir que ele concordasse com a nossa alteração na ordem de manifestação para criticar o seu Governo Federal, porque não há tese, nós estamos discutindo o Orçamento do Município, o Orçamento do Município vem carregado disso, que me parece um vício. Vício estratégico, que eu não sei se é consciente ou não, mas que eu quero dizer que não tem o meu aplauso, não tem a minha concordância, é uma das tantas situações que nós temos que trabalhar no sentido de vê-las alteradas, meu caro Vereador-Presidente Toni Proença, porque o Orçamento tem que ser uma Peça respeitável. Eu não quero que os Orçamentos sejam como eram na antiga República, antes de 1930, em que as Casas Legislativas se reuniam apenas para homologá-lo. Não, não quero isso; quero que, da decisão do Legislativo, com a sanção dos titulares do Executivo, saia uma Peça de responsabilidade que vá ser objeto de cumprimento na sua execução. Sob pena de nós termos esse quadro, ao qual já me referi anteriormente, segundo o qual se cria a expectativa, não se realiza a obra prevista e anunciada, e advém, como consequência, a frustração, que se repete ano após ano; acaba-se levando a sociedade, a população, especialmente aqueles mais dependentes do serviço público, a esta verdadeira frustração.

É lógico que neste ano nós temos uma situação especial, este Orçamento que se realiza, porque não podíamos ter previsto a crise, mas agora a crise já ocorreu, já está sendo implantada, não podemos mais admitir que não se reconheça a nova realidade. Temos patamares de crescimento que se imaginam, patamares máximos e patamares mínimos. Uma postura intermediária na projeção do crescimento da nossa receita seria aconselhável, salvo uma expectativa que teria que ser amplamente justificada, a de que determinados fatores econômicos possam surpreender favoravelmente, aí eu recomendaria como uma surpresa agradável, não como decepção frustrante. Não altero em nada as restrições que ofereci no passado, a forma com que os lançamentos eram feitos, subestimando, mas não sei se nessa matéria não é melhor subestimar do que superestimar - quero confessar lisamente essa minha dúvida. Obviamente, todos nós sabemos que pode ser até um elemento de estratégia, de marketing: “Olha, vamos trabalhar com menos aqui na hipótese, depois se anuncia mais”, e cria um fato positivo. Mas o contrário não gera o fato positivo. Dizer neste momento que eu tenho dúvidas muito fortes a respeito de qual a melhor alternativa - se a de simplesmente subestimar ou se a de superestimar - pode, sem querer, desfigurar, renunciar as posições que anteriormente se sustentou. Honestamente, no momento, me inclino a entender que a superestimação é muito mais nociva do que a subestimação. Por isso diria, com tranquilidade, que é de se atentar muito para o pronunciamento que o Ver. Todeschini vai fazer daqui adiante, porque eu conheço o teor, ele me deu a oportunidade, gentilmente, de ler os dados que tem em mãos, dados substanciosos que merecem ser objeto de uma boa reflexão por parte de todos nós.

Sr. Presidente, no meu minuto final quero dizer a V. Exª, que com muita eficiência conduz os trabalhos desta Casa, que faço votos de que na próxima quarta-feira possamos cumprir o quarto dia de Pauta Especial e com isso encaminhar esta matéria, árida sobre determinados aspectos, já há treze Emendas, acredito que até lá haverá outras tantas para serem examinadas pela douta Comissão de Finanças e Orçamento, a quem cabe, nesse particular, a tarefa do exame e parecer. Obrigado pela atenção. Fica o meu registro nesta tarde, em que o debate tem sido a tônica, à medida que as decisões ficaram para outra oportunidade.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença, no exercício dos trabalhos; Ver. Pujol; nossa Líder, Verª Maria Celeste, o nosso cumprimento. Retorno ao tema, porque, Ver. Pujol, acho que é um dos relevantes temas que esta Casa tem a obrigação de discutir, de aproximar da Cidade, assim é o Plano Diretor, assim são as inúmeras pautas, os inúmeros temas aqui tratados por nós, Vereadores, por esta Casa.

Vejam só, antes o Ver. João Dib e o Ver. Ervino tentaram rebater a nossa crítica, tentaram contra-argumentar, mas foram extremamente infelizes. Ver. João Dib, com toda a sua experiência, os números não são mais o seu forte: os dados aqui divulgados, os dados obtidos são fornecidos pelo próprio Governo. O que nós fazemos é ler os dados a partir das informações cedidas pelo Prefeito e pelo seu corpo dirigente, pelos Secretários, e aí que vão as discordâncias. O Ver. Pujol abordou a questão de maneira muito apropriada. Vejam o que acontece: nós temos, talvez, duas tradições; ele disse que, na Administração Popular, a Lei Orçamentária era subestimada. Bom, isso tem uma consequência. Aqui ela está superestimada, ou seja, superdimensionada. Quais são as consequências possíveis das duas? Bem, a primeira, quando ela está subdimensionada, é que a Câmara tem que votar as suplementações. Até um limite, o Executivo pode suplementar, depois desse limite, a Câmara tem que votar. Como havia um processo de participação intensa da comunidade, de o Orçamento Participativo realmente decidindo sobre as prioridades da Cidade, havia uma moldagem e uma adequação. No final, tinha-se uma lei que produzia uma realidade, com o encontro, Ver. Braz, de cerca de 80% de compatibilidade entre o projetado e o executado.

Agora, pelos dados que recebemos, a fórmula muda substancialmente, porque o Orçamento não é subestimado; ao contrário, ele é superdimensionado, ele é superestimado, o que temos como produto são grandes manchetes na hora que o Prefeito vem entregar a Peça Orçamentária aqui na Câmara. Isso gera manchetes de meia página de jornal, mas depois o resultado, na prática, é quase nenhum. Por quê? Porque o Orçamento está entregue de forma completamente equivocada, Ver. Comassetto. Vejam só os dados: para 2010, o investimento proposto é de 543 milhões, cerca de quatro vezes o que está sendo executado em 2009. Isso é possível, Ver. Braz? Então, é dito que se farão tantas equipes de PSF, tantos quilômetros de asfalto, tanto em assistência social, tanto nisto, tanto naquilo; e depois não acontece! Nós, Vereadores, temos uma responsabilidade muito grande, porque acreditamos no que o Governo está propondo. Agora, o problema é que está tão deformado, está tão distante do proposto, que somos obrigados a denunciar. São os números do próprio Governo, ninguém está inventando nada aqui.

O Orçamento total passa de 3 bilhões e 378 milhões, em 2009 - porque vai ter 250 milhões a menos -, para 3 bilhões e 684 milhões, ou seja, um acréscimo nominal de mais de 20%. Portanto, um retumbante equívoco. Por quê? Porque o País vai crescer, otimistamente, 5%, 6%, pode ser menos, Ver. Braz. Vamos supor que ele cresça de 4% a 6%: como o Governo Municipal vai propor o crescimento da receita, o crescimento real de 16%, descontada a inflação? É possível? Não, está equivocado. Então, Ver. Pujol, temos razão em discutir uma coisa: pode-se dizer que a lei orçamentária é uma lei fictícia? Não é verdade, em primeiro lugar. Mas é uma lei autorizativa? Também não é verdade, ainda que nós não tenhamos aqui uma Lei de Responsabilidade Orçamentária. Eu quero dizer que a Lei de Responsabilidade Fiscal, feita na época do Presidente Fernando Henrique, foi uma lei boa, eu sou defensor, eu governei com a Lei de Responsabilidade Fiscal, porque ela ajuda a planejar as finanças públicas, portanto tem que ser defendida, tem que ser cumprida. Nós precisaremos, num futuro imediato, na Reforma Política e na Reforma Fiscal, de uma Lei de Responsabilidade Orçamentária. Porque isso não deve servir só para os Prefeitos arrancarem manchetes nos jornais, passarem a ideia de que está tudo bem e que farão um Governo maravilhoso; depois, esses jornais sequer desmentem aquilo que realmente acontece, ou melhor, que não acontece.

Eu quero fazer aqui a pontuação dessas questões, porque isso não é qualquer coisa, é a vida da Cidade, são os funcionários públicos e o seu ganha pão no dia a dia, são as obras, os investimentos, os serviços, é a saúde, é a assistência social, é uma cidade melhor, é uma cidade mais segura. Isso tudo está contido nessa Peça, e a execução aqui identificada é insignificante. Nós não vamos chegar, Ver. Luiz Braz - V. Exª me assiste atentamente - a 30% do que foi prometido, do que votamos. Nós, junto com o povo, somos os primeiros a ser enganados. Por quê? Porque não há o retorno esperado. Não há a transferência em benefício público daquilo que é preciso. Eu acho que esta Câmara tem que se valorizar. Nós não podemos aceitar a aprovação da lei conforme está proposto nesses moldes. Eu vou reler aqui os investimentos de 2009 para aqueles que me assistem atentamente. Algumas Secretarias Municipais não investiram um real sequer, entre elas estão a Secretaria Municipal de Transportes, a Secretaria Municipal da Juventude - vejam que a juventude precisa de investimento, porque está aí uma grande parte se perdendo na vida, com o crack e outras coisas do tipo -, a Secretaria Especial de Acessibilidade e Inclusão Social. As três tiveram investimento zero! É possível?!

Então, nós não podemos aceitar fazer esse papel, e não vale a desculpa de que há uma crise. Se há uma crise, o Executivo tem que ter a iniciativa primeira de enviar para cá uma revisão da lei. Tem que ser transparente e tem que ser verdadeiro com a Cidade. Não pode passar uma ideia que é só para ganhar apoio, para receber manchetes, para fazer atos solenes transparecendo que as coisas vão muito bem, obrigado! Ao contrário, elas vão muito mal - muito mal e piorando! O povo sofre, e esta Câmara, mais uma vez, definitivamente, não pode passar a mão por cima. Não podemos ser, mais uma vez, enganados pela manifestação do Executivo, porque, senão, vamos corroborar essa idéia, que faz com que o povo também continue sofrendo por falta de investimentos em Saúde, por falta de investimento na Assistência Social, por falta de atenção à juventude e por falta de políticas públicas. Nesse caso, sim, é preferível que se subdimensionem e que se componham com a comunidade os ajustes necessários, mas não que se faça um Governo de manchetes, porque é isso que a gente vê. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; colegas Vereadores, quero cumprimentar os Vereadores presentes: DJ Cassiá, Tessaro, Paulinho Ruben Berta, Luiz Braz, Ervino Besson, Carlos Todeschini, Maria Celeste, que persistem aqui neste debate.

Houve uma grande polêmica, uma celeuma há poucos minutos porque vinte Vereadores não estiveram presentes na hora de ingressarmos na Ordem do Dia. A nossa Bancada protocolou um Requerimento à Mesa, às 15h30min - agora são 17h12min -, solicitando uma Sessão Extraordinária para a Ordem do Dia, para correr pauta o Plano Diretor. Bom, já estamos retirando, porque infelizmente não há quórum. O que alegava a base do Governo? Que o Plano Diretor é um tema importante. Defendemos o Plano Diretor como um tema gerador da Cidade, mas o Orçamento não deixa de ser tão importante ou mais importante do que os outros projetos, pois é o que define os recursos a serem aplicados nos projetos que decidimos estrategicamente. Só que o Governo Fogaça mandou para esta Casa, assim como fez nos quatro anos anteriores, um Projeto que é uma peça de ficção cientifica, porque é um Projeto que não se realiza na prática. Talvez seja por isso que a grande maioria da base do Governo, inclusive o seu Líder, não fica aqui para fazer o debate.

O Secretário Christiano Tasch, neste final de semana, foi à imprensa se queixar do Governo Federal. Agora, vejam os grandes números da despesa e da receita que o Projeto apresenta aqui neste momento. O Governo Fogaça repete, mais uma vez, os erros cometidos em anos anteriores. Superestima grosseiramente a receita e o investimento. Fez isso no Orçamento de 2009 e repete agora na Lei do Orçamento de 2010. Estimou arrecadar neste ano 3 bilhões e 378 milhões de reais em valores corrigidos. E hoje afirma, através do seu Secretario da Fazenda, Christiano Tasch, que vai arrecadar neste ano o mesmo que arrecadou em 2008 - também em 2008 havia superestimado. E arrecadou um valor inferior também em 2008, ou seja, a preços atuais, apenas 3 bilhões e 128 milhões. Então, serão nada mais nada menos do que 250 milhões a menos na receita total do Município. É isto que nós estamos discutindo aqui, é isto que o Prefeito Fogaça tem que explicar para a sociedade porto-alegrense: como é que ele manda um Projeto como este, que é uma peça de orçamento fictícia, um Projeto que não existe?

No investimento será pior. Serão investidos pouco mais de um terço da Lei Orçamentária de 2009, do total previsto no ano passado, aprovado nesta Casa. Então, em 2009 o Governo vai investir aproximadamente um terço do que propôs. Até o momento investiu somente 26%, 27%, um quarto do que propôs. E aí eu quero fazer um registro. No final de semana eu fiz uma série de visitas às comunidades. Na semana passada, foi aprovada aqui uma Lei do Executivo, contra o nosso voto, para vender um terreno de 7,2 mil reais junto à praça e à área do DEMHAB, na Vila da Amizade, em Belém Novo. Por 7,2 mil reais! Logo abaixo, há dezenas de famílias que estão morando irregularmente em áreas de risco. Além de não aplicar os recursos previstos no Orçamento para habitação, o Governo está vendendo próprios públicos e não está aplicando o dinheiro em habitação.

Na mesma Vila da Amizade, em Belém Novo, a praça está abandonada. Ver. Luiz Braz - nós que combatemos o tráfico -, o tráfico tomou conta da praça, na frente da creche voluntária que a comunidade mantém; não há uma lâmpada, as quadras esportivas estão destruídas. Essa é a realidade das comunidades. Ver. Paulinho Ruben Berta, da base do Governo, eu quero que o senhor venha aqui confirmar o que eu estou dizendo: as praças estão abandonadas nas comunidades. Faltam equipamentos, e as que estão projetadas para serem executadas não são executadas. E o Governo manda um Orçamento superestimado, que não vai realizar, criando expectativa nas comunidades.

Este Orçamento é uma peça fictícia, e nós temos, agora, que fazer este debate. Se pudéssemos dar um título ao Prefeito Fogaça, poderíamos dizer que ele é o Prefeito das obras não realizadas, é o Prefeito das obras fantasmas, é o Prefeito de talento, é o Prefeito das manchetes. Isso não é uma postura de incoerência com o nosso discurso, porque, quando cobramos, não estamos cobrando de uma pessoa que é um excelente poeta, não estamos cobrando da pessoa Fogaça; nós estamos cobrando do projeto político do Governo Fogaça para Porto Alegre, porque venceram as eleições dizendo que iam deixar a Prefeitura, em 2008, com 255 equipes de Saúde da Família. Onde estão essas equipes da Saúde da Família? Não executou o Orçamento nos três anos, referentemente aos recursos que havia para a Saúde.

Nós, em um trabalho que temos feito, junto a outros colegas Vereadores, lá na Restinga... A Associação Hospitalar Moinhos de Vento recebeu, no dia 18 de setembro de 2006, a assinatura do Presidente Lula concedendo a filantropia, e esse dinheiro tem que ser destinado ao Hospital da Restinga e aos PSFs da região. Sabe por que, Vereador-Presidente, o Hospital Moinhos de Vento não iniciou a obra do Hospital da Restinga ainda? Porque há quatro famílias em cima da área, de responsabilidade da Prefeitura; já foram feitas sete reuniões no Ministério Público, e, a cada reunião, o Prefeito manda um representante diferente, que diz, a cada reunião, uma coisa diferente, e as famílias não são retiradas de lá para iniciar a obra. São 22 milhões depositados sem poder realizar!

Agora, na semana passada, saiu finalmente o edital para a construção da Escola Técnica Federal da Restinga, a EFET da Restinga. O dinheiro está depositado desde outubro de 2008. Por que só saiu agora? Pela morosidade do Executivo em aprovar os projetos. Portanto, nós temos que analisar aqui os grandes números da receita e das despesas apresentados aqui nesta lei, que está neste momento aqui, é uma peça fictícia, ela não expressa a realidade.

Hoje almoçamos na FIERGS, um conjunto de Vereadores debateu com os empresários, e eles pedem que Porto Alegre realize uma agenda propositiva para gerar aqui uma economia de desenvolvimento que propicie a competição com os demais Municípios da Região Metropolitana. Estão trocando Porto Alegre por Gravataí, por São Leopoldo, por Canoas, porque não há receptividade para o coletivo daqueles que querem investir e aplicar em Porto Alegre. E neste momento é que nós discutimos e aprovamos os projetos.

Portanto, Sr. Presidente, eu concluo dizendo que este Projeto, que está apresentando grandes números da receita e das despesas, é uma peça de ficção. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A Verª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu quero fazer um registro: a Bancada do Partido dos Trabalhadores, especialmente, tem sido acusada de não dar quórum, de usar estratégia de plenário, de não querer discutir a Cidade. Mas o que a gente percebe agora - pena que as câmeras da nossa televisão não possam registrar - é que nós estamos, a Bancada do PT, em maioria neste Plenário. São 17h23min, estamos aqui discutindo o Orçamento junto com nosso valoroso Ver. DJ Cassiá, discutindo a pauta do Orçamento. Se a Bancada do PT, Ver. DJ Cassiá, não estivesse aqui no plenário para garantir que essa pauta fosse realizada, nós iríamos postergar, pelo Regimento desta Casa, mais uma vez, o prazo da discussão do Orçamento da cidade de Porto Alegre.

Eu gostaria de saber: por que o Governo não tem interesse em discutir a Cidade? Por que não discute o Plano Diretor? Nós, inclusive, protocolamos um Requerimento solicitando - quando não houve quórum no início desta Sessão - uma Sessão Extraordinária. Estamos aqui, os Vereadores da Comissão Especial, com quórum pleno da Bancada do Partido dos Trabalhadores, querendo discutir Plano Diretor! Estamos aqui garantindo a pauta, Sr. Prefeito Fogaça! E a sua Liderança de Governo, os seus Vereadores da base de Governo deveriam estar neste momento aqui, garantindo, regimentalmente, a pauta do Orçamento para que pudéssemos cumprir com os prazos que a própria Lei Orgânica exige. Falo do compromisso e do comprometimento do Prefeito ao enviar, em tempo hábil a esta Casa, o Projeto, falo do comprometimento dos Vereadores desta Casa, também, em analisar e aprovar esta lei dentro dos limites previstos na nossa Lei Orgânica do Município. Quero fazer este registro e lamentar que o Plenário esteja praticamente vazio. Então, quem não quer discutir a Cidade, quem não quer, de fato, discutir o Plano Diretor e Orçamento não é a Bancada do PT.

Passemos para a análise, então, da Execução Orçamentária de 2010. Nós estamos - temos falado disto também - bastante apreensivos e preocupados, porque, já na LDO e também agora no Orçamento, nós nos deparamos - o Ver. Comassetto abordou isto com muita propriedade - com os investimentos irreais do Orçamento da Cidade. Não é possível que, na média da execução dos investimentos de 2005 e 2008, tenham sido previstos e executados 38% apenas. E a taxa média de investimento de 2005 e 2008 foi da ordem de 5,5% da receita corrente. Portanto, a média de investimentos anual, de 2005 a 2008, foi da ordem de 150 milhões de reais. A LDO encaminhada a esta Casa dá conta de um investimento de 500 milhões de reais - para 2010 é previsto 14% da receita, segundo a LDO e segundo a previsão constatada agora também no Orçamento. Parece que o Secretário se deu conta da bobagem que fizeram, e agora ele já começa a dizer que haverá uma redução de investimentos, porque também houve uma redução na receita do Município de Porto Alegre.

 

(Manifestação do Plenário.)

A SRA. MARIA CELESTE: Tem que reduzir a manchete, exatamente! Porque anunciaram fortemente os 500 milhões de reais de investimento para o próximo ano - algo totalmente fora da realidade, fora daquilo que é construído.

E nós já dizíamos que a LDO, assim como o Orçamento, é uma mera peça de ficção. Além do mais, relacionada à questão dos investimentos, nós também nos preocupamos, especialmente na análise da Lei de Diretrizes Orçamentárias, com a redução de ações, de projetos, de programas, o que agora acaba também se configurando através do Orçamento para o próximo ano. Foram mais de 200 ações e projetos previstos, e 150 deles com execução zero! Zero! E, daquilo que foi previsto no ano passado, houve uma execução pífia ou uma execução zero. Foi assim na Secretaria Municipal de Transportes: aquilo que foi autorizado no ano passado teve, neste ano, uma execução zero - e o transporte é um dos problemas mais graves e sérios da nossa Cidade.

Faço uma correlação com o Plano Diretor. O Plano Diretor enviado a esta Casa, que é uma revisão do Plano de 1999, não acrescentou e não trouxe nenhuma linha, nenhuma discussão sobre a mobilidade urbana da cidade de Porto Alegre. Não fez sequer um traçado viário alternativo, como vias estruturais e regulares da Cidade. E mais: sequer, Ver. Todeschini, colocaram o traçado da Linha 2 do metrô no Plano Diretor. Ainda que, por obra e graça de um Vereador atento, que é um Vereador da base do Governo, o Ver. Luiz Braz, se constitui uma Emenda dizendo da necessidade da criação de uma Comissão para estabelecer o traçado viário da Linha 2 do metrô. Ora, como é que um Governo que diz que quer um metrô na cidade de Porto Alegre não encaminha, na revisão do Plano Diretor, o traçado da Linha 2 do metrô? Como é que um Governo que diz que quer e prioriza o metrô na cidade de Porto Alegre não encaminhou no PPA, não encaminhou na LDO nenhuma diretriz sobre o traçado do metrô na cidade de Porto Alegre?

Ainda bem que temos Vereadores atentos, e o Ver. Comassetto, da nossa Bancada, produz uma Emenda dizendo que a Linha 2 do metrô tem que estar dentro do Plano Diretor da cidade de Porto Alegre. Não dá para compreender, Prefeito, qual a sua intenção! Não dá para entender, quando anuncia um superávit na LDO, quando anuncia investimentos para a Cidade, e não coloca o traçado da Linha 2 do metrô dentro das suas prioridades, nem no Plano Diretor, muito menos no Projeto de Governo para o próximo período de quatro anos. Nem a Copa de 2014 apareceu nas Diretrizes Orçamentárias enviadas a esta Casa. Como será que o Prefeito pretende fazer vias estruturantes, duplicações anunciadas, acesso Norte, Av. Edgar Pires de Castro, na Zona Sul da Cidade? Como é que o Prefeito pretende construir esse conjunto de obras, se não há previsão no Plano Diretor e se não há previsão de recursos de contrapartida no Plano Plurianual, que é o Plano para os quatro anos do Governo Fogaça, e na LDO? Muito menos para o Orçamento do ano que vem há alguma previsão de alguma contrapartida para essas obras estruturais da Cidade.

E aqui eu poderia continuar trazendo os dados, que nós estamos comparando em relação ao que foi projetado em 2009: na Secretaria de Transporte, não houve nenhuma execução, também na Secretaria Municipal da Juventude, o que foi autorizado na LOA, de 2009, teve execução zero! São dados até 31 de agosto deste ano. Esta é, de fato, a vida real. O que nós acabamos de analisar, o que nós acabamos de debater, o Orçamento para o ano que vem, e vou repetir mais uma vez o que eu já disse em relação à LDO: é uma mera peça de ficção científica. É só isso! Uma mera peça de ficção científica que o Prefeito encaminha para esta Casa com estardalhaço, com uma grande manchete, dizendo que haverá investimentos na Cidade, e isso não é verdade, essa não é a realidade mostrada pelos próprios números do Governo Municipal.

 

(Aparte antirregimental do Ver. Engenheiro Comassetto.)

 

A SRA. MARIA CELESTE: O Ver. Comassetto diz que não tem nada de cientificidade nessa Peça, é apenas uma peça de ficção. Obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Com o pronunciamento da Verª Maria Celeste, encerramos a discussão da Pauta Especial.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 4333/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 212/09, de autoria do Ver. Aldacir José Oliboni, que institui o Programa Respira Porto Alegre e dá outras providências. Com Emenda nº 01.

 

PROC. Nº 5010/09 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 040/09, de autoria do Ver. João Antonio Dib, que concede o Diploma Honra ao Mérito ao senhor Edgardo Adrian Gitelman.

 

PROC. Nº 5182/09 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 043/09, de autoria da Mesa Diretora, que altera o “caput” do art. 4º da Resolução nº 1.559, de 22 de agosto de 2001 – que institui Estágio Curricular para estudantes de estabelecimentos de ensino médio e superior na Câmara Municipal de Porto Alegre –, e alterações posteriores, passando para 46 (quarenta e seis) e para 95 (noventa e cinco) o número de postos de Estágio Curricular de Ensino Médio e de Estágio Curricular de Ensino Superior, respectivamente.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 3911/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 222/09, de autoria do Ver. Mauro Pinheiro, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao padre Neri Divino Ortolan.

 

PROC. Nº 3929/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 185/09, de autoria do Ver. Sebastião Melo e outros, que institui o Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização do Município de Porto Alegre e organiza e revoga legislação sobre o tema. Com Emendas nos 01 e 02.

 

PROC. Nº 5039/09 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 035/09 e da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Porto Alegre, que institui o Calendário de Eventos e o Calendário Mensal de Atividades de Porto Alegre, dispõe sobre a gestão desses Calendários e revoga legislação sobre o tema. Com Emendas nos 01 e 02.

 

PROC. Nº 5087/09 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 036/09, que revoga a Lei nº 10.603, de 29 de dezembro de 2008, que estabelece o Plano de Carreira dos Funcionários da Agência de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Porto Alegre (Inovapoa), dispõe sobre o Plano de Pagamento e dá outras providências.

 

PROC. Nº 5088/09 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 037/09, que inclui § 3º no art. 3º da Lei nº 10.705, de 30 de junho de 2009, que Cria o Gabinete de Inovação e Tecnologia – Inovapoa/GP –, cria e inclui cargos em comissão e funções gratificadas no Quadro de Cargos em Comissão e Funções Gratificadas da Administração Centralizada do Anexo III da Lei nº 6.309, de 28 de dezembro de 1988, e alterações posteriores, e dá outras providências.

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. A Verª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste.

Como não há mais inscrições para discutir a Pauta, encerramos a 102ª Sessão Ordinária da XV Legislatura. Muito obrigado a todos, principalmente aos servidores que nos deram suporte até este momento. Boa-tarde!

 

(Encerra-se a Sessão às 17h34min.)

 

* * * * *